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Acesse os resultados do II Censo das Arquitetas e Arquitetos e Urbanistas do Brasil

O II Censo das Arquitetas e Arquitetos e Urbanistas do Brasil, realizado pelo Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil, cujos resultados estão sendo divulgados nesta quarta-feira (22/12), contém um dado inédito: a inclusão do perfil racial dos profissionais. O censo revela que entre os 41.897 profissionais ouvidos 22% se identificam com a cor ou raça negra, somando-se 18% de parda com 4% de preta.

 

Entre outros informações, a enquete também constatou que a maioria dos arquitetos e urbanistas no Brasil é composta por jovens com grande interesse por atividades de atualização e formação profissional. A idade média é de 35 anos. Eles gostam da profissão que exercem e acreditam que o mercado pode crescer mais nos próximos anos.

 

No entanto, 79% acreditam que a baixa valorização da profissão é um obstáculo para o seu exercício. Praticamente dobrou, em comparação aos dados do I Censo (2012), a quantidade de profissionais insatisfeitos com sua remuneração e uma parcela alta (35%) não tem acesso ao mercado de trabalho.

 

As 45 perguntas do questionário eram do modelo múltipla escolha e possibilitaram coletar informações sobre idade, gênero, raça, deficiências (físicas, mentais, intelectuais ou sensoriais), faixa de rendimento médio, escolaridade/formação e principais obstáculos no exercício da profissão de arquitetura e urbanismo.

 

As respostas do II Censo foram dadas por meio dos acessos pessoais dos profissionais ao Sistema de Informação e Comunicação do CAU (SICCAU). O levantamento foi conduzido pelo CAU Brasil e seus resultados foram tabulados pelo Instituto DataFolha. A forma de consulta pública dos dados é inovadora em relação ao censo anterior, pois foi desenvolvida uma nova plataforma. Um painel visual (“dashboard”) interativo centraliza os resultados e permite cruzar as informações da base de dados de acordo com o interesse de quem fizer a pesquisa. CLIQUE AQUI para acessá-lo. 

 

VEJA COMPARATIVO DOS CENSOS 2012 E 2020

 

A pesquisa, de caráter optativo, foi realizada no primeiro semestre de 2020 quando existia aproximadamente 180.000 arquitetos e urbanistas em atividade no país na época, portanto cobriu perto de ¼ dos profissionais. Hoje o CAU reúne cerca de 212.000 arquitetos e urbanistas, sendo 64,55% do sexo feminino e 35,45% do sexo masculino (conforme a base de registros atualizada dia-a-dia pela autarquia). Entre os participantes do novo censo, a grande maioria (71%) dos profissionais se concentra nas regiões Sul e Sudeste.

 

O censo de oito anos atrás contou com a participação de cerca de 83 mil dos mais de 99 mil profissionais registrados à época. Essa alta taxa de participação foi possível graças à necessidade de promover a atualização do cadastro dos arquitetos e urbanistas do país após a migração do CONFEA, para regularização dos registros e emissão das carteiras.  Aproveitando a oportunidade, o CAU Brasil promoveu em conjunto o censo. 

 

Veja a seguir alguns dados obtidos pelo II Censo dos Arquitetos e Urbanistas do Brasil:

 

DIVERSIDADE

Entre os participantes, 58% identificaram-se como mulheres, 30% como homens, 1% não-binário e 11% preferiu não informar. Entre as mulheres, em número absoluto, 46 se identificaram como trans. Entre os homens, também em número absoluto, 45 se identificaram como trans.

 

A inclusão do perfil racial é uma das novidades do novo censo, assim como o levantamento dos profissionais com eventuais deficiências físicas, mentais, intelectuais ou sensoriais dos participantes. Até 2020, não havia informações raciais na base de dados do CAU, não sendo possível aferir a representatividade de profissionais negros e negras no conselho.

 

Esse levantamento só foi possível a partir de uma iniciativa da então Comissão Temporária de Equidade de Gênero, instituída entre 01/05/2019 e 30/04/2020, que solicitou a inclusão de pergunta sobre raça no levantamento. O levantamento revelou que apesar de negras e negros corresponderem a 55% da população brasileira (a) , dentro da profissão de Arquitetura e Urbanismo, representam apenas 22% dos profissionais (b).

 

Outros números: 69% dos participantes se identificam como brancos, 4% como mestiços, 2% com orientais (4% preferiram não responder).

 

A enquete inclui também o levantamento das pessoas com deficiência. Em resposta espontânea, 1% dos profissionais declarou ter alguma deficiência. Desse grupo, 55% informaram ter deficiência motora e 33% deficiência de visão.  

 

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FORMAÇÃO, FERRAMENTAS E HÁBITOS

Em busca de atualização na formação e aperfeiçoamento profissional, mais de um terço (34%) do total dos profissionais possui pós-graduação e 63% pretende fazer outro curso superior. Referente ao domínio de idiomas estrangeiros, a porcentagem obteve aumento em todos os idiomas, sinalizando que 65% possuem entre os níveis intermediário e fluente em inglês, 39% em espanhol e 22% em francês.

 

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Outra categoria que obteve aumento foi a de domínio de ferramentas profissionais, 97% das arquitetas e arquitetos e urbanistas brasileiros dominam bem softwares de desenho por computador e 37% utilizam também programas de geoprocessamento. 82% dizem utilizar outros softwares de uso profissional.

 

Entre os hábitos, 92% afirmou ler de seis a dez livros por ano. Informações de cultura e lazer atraem 178% dos participantes, seguindo-se economia e  negócios, notícias locais e notícias internacionais. O noticiário político só aparece em quinto lugar. De uma maneira geral, 50% se interessam “às vezes” por leituras de publicações de arquitetura e urbanismo.  Praticamente todos (98%) fazem uso diário de smartphone, 72% de notebooks e 67% de desktops. 

 

 

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ATUAÇÃO PROFISSIONAL

Dentro da amostragem, 87% dos profissionais trabalham efetivamente na área de Arquitetura e Urbanismo e 28% estão trabalhando outras áreas. O campo de atuação é bastante variado, 49% dos profissionais trabalha com concepção de projetos e, número quase semelhante, 45%, participa da fase de execução.

 

Já a Arquitetura de Interiores aumentou de forma significativa em comparação ao censo de 2012 e se apresenta como a maior demanda, com 62% dos profissionais dedicados a essa área. 

 

Outros segmentos também aumentaram como Planejamento Urbano (11%) e Paisagismo (17%).

 

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RENDA

Pouco mais da metade (51%) dos arquitetos e urbanistas participantes do II Censo fornecem serviços como autônomos, outros 13% são donos de empresas ligados a Arquitetura e Urbanismo e os assalariados somam 15%, enquanto 12% possuem outras fontes de renda.

 

Hoje, a maior parte (35%) declara renda individual de um a três salários mínimos, considerando-se o valor de R$ 998,00 na época da pesquisa. Ou seja, entre R$ 998,00 e R$ 2.994,00.

 

Em seguida, aparece o grupo de 26% que declarou renda entre três e seis salários-mínimos, ou seja, de R$ 2.994,00 a 5.988,00.  O terceiro grupo junta 11% dos entrevistados: são os que recebem entre seis e nove salários mínimos (de R$ 5.988,00 até R$ 8.982,00).

 

Parte significativa dos entrevistados (6%) declarou não possuir nenhuma renda e 10% respondeu ganhar até um salário mínimo.  

 

Combinando dados de raça, gênero e renda do Censo 2020 com os do 1º Diagnóstico Gênero na Arquitetura e Urbanismo realizado pelo CAU Brasil entre julho de 2019 e 29 de fevereiro de 2020, a grandeza dos desequilíbrios se acentua entre os recortes: a média salarial dos homens brancos (R$ 5.590,00) é quase o dobro das mulheres pretas (R$ 2.888,00).  

 

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EXPECTATIVAS

Acredita-se (82%) que os nichos de mercado de atuação do arquiteto e arquiteta e urbanista podem expandir seu campo de atuação em diversas áreas profissionais, entre as mais citadas em 2020 estão: imobiliário, hotelaria, turismo, hospitalar e saúde.

 

Quanto ao futuro da profissão, 32% dos profissionais se posiciona positivamente com relação ao campo de Arquitetura e Urbanismo nos próximos anos, número inferior a 2012, em que mais da metade (58%) nutriam boas expectativas quanto ao crescimento da profissão.

 

De toda forma, os dados levantados com essa amostragem reforçam a urgência dada pela atual gestão do CAU em promover ações efetivas de equidade, diversidade e inclusão ao campo profissional de Arquitetura e Urbanismo. 

 

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 NOTAS:

(a) 46% pardos e 9% pretos, conforme dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) referentes ao primeiro trimestre de 2021

(b) 18% pardos e 4% pretos. 

Uma resposta

  1. Parabéns pela pesquisa, muito importante. Gostaria de sugerir que seja incluida nessa pesquisa, ou melhor ainda em uma outra pesquisa separada, os dados das empresas cadastradas no CAU e das RRTs, indicando os tipos de empresa, quantidades de RRTs, valores, áreas, tipos de serviço, etc.. Seria de grande valor para que os arquitetos possam verificar quais as áreas mais promissoras de trabalho, quais as áreas mais valorizadas, quais os serviços mais contratados, quais tem maior demanda, quais áreas estão faltando profissionais, etc..

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