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Arquitetos e urbanistas debatem como empreender no pós-pandemia

 

Alguns desafios e oportunidades no mundo pós-pandemia, principalmente para os escritórios de Arquitetura e Urbanismo, foram discutidos na live do CAU/PR realizada dia 16 de junho. Mediada pela conselheira do CAU/PR Cristiane de Lacerda, o debate apresentou as experiências de trabalho dos arquitetos e urbanistas Antônio Mantovani, Boris Cunha e Leonardo Hauer em São Paulo e Curitiba. Também participou o  jornalista Fernando Mungioli, publisher da Revista Projeto, uma das mais tradicionais publicações brasileiras na área de Arquitetura e Urbanismo.

 

Conselheira do CAU/PR fez um breve relato sobre o cenário econômico nacional desde dezembro de 2019, até março com as crises da saúde, com o coronavírus, e da economia. Ela destacou que grandes consultorias de mercado apontam três ações de curto prazo que devem ser adotadas pelas empresas: cuidar das pessoas, da gestão de caixa e do modelo de operações. “Temos que pensar o que pode ser feito na Arquitetura para atravessar esse momento gastando o mínimo possível”, sugeriu.

 

Confira a íntegra da live

 

Para o arquiteto e urbanista da Pitá Arquitetura – São Paulo, Antônio Mantovani, um desafio para Antônio foi ressignificar o funcionamento do seu próprio escritório, que tem foco em interiores. “Nos propomos a não cortar pessoal no primeiro momento, mas todo tipo de custo que não era essencial foi eliminado. Ainda não perdemos muito trabalho, mas no médio prazo, não dá para saber o que vai acontecer”, afirma. “Ainda virá uma ressaca muito grande de investimentos, projetos e tudo o mais. Avalio que neste primeiro momento as empresas vão segurar o dinheiro para pagar gente e não gastar com investimentos”.

 

Boris Cunha, arquiteto e urbanista da CASACINCO, de Curitiba, tem atuação mais ativa no mercado imobiliário e enfrenta desde março a postura cautelosa das incorporadoras, especialmente das locais, que são grande parte do mercado em Curitiba. “Não é um momento de pânico, temos percebido no mercado um certo apetite do mercado para novos empreendimentos, mas visando um horizonte futuro. Há uma expectativa da melhora do salário macroeconômico, ou talvez manutenção das taxas de juros baixas”, avalia.

 

O jornalista Fernando Mungioli vê o momento atual como uma grande vantagem para a classe arquitetônica, pois as pessoas estão enxergando a Arquitetura das suas casas e escritórios como nunca, nesse momento de isolamento social. Para ele, agora é o momento de enaltecer a boa Arquitetura. “As pessoas começam a entender que há uma implantação inteligente e a diferença de uma bela iluminação natural, por exemplo, e isso para a Arquitetura é muito positivo. É preciso enxergar que Arquitetura vai poder exprimir ainda mais para recriar os espaços”, avalia.

 

O escritório do arquiteto Leonardo Hauer, presidente da Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura do Paraná (AsBEA/PR), também enfrentou desafios logo no início da pandemia: renegociar o aluguel, adiar investimentos até cancelar um um contrato. Mas hoje o escritório tem recebido novos contatos para empreendimentos. Um ponto positivo para Leonardo foram as reuniões online. O teletrabalho foi apontado por todos como facilitador para várias empresas e pessoas, principalmente em relação ao custo/benefício.

 

“Hoje toda a nossa vida está no celular. A gente continua trabalhando e não é necessário enfrentar o trânsito”, destaca Antônio. Para ele, esses novos comportamentos vão gerar uma transformação muito grande, pois as empresas perderam o medo do teletrabalho e podem diminuir o tamanho dos seus espaços e o custo com aluguel. “Momentaneamente estão sem dinheiro, mas no médio prazo isso vai gerar uma transformação muito positiva em todos os sentidos. É como enxergo a crise hoje”, afirmou o arquiteto.

 

Nem todo mundo vislumbra um pós-pandemia transformador e repleto de oportunidades. Boris acredita que ocorrerão transformações, mas não uma reviravolta completa. “Claro que mudanças pontuais vão surgir a curto prazo – barreiras de distanciamentos, protocolos de uso dos espaços entre outros, mas não me parece que o espaço de trabalho seja algo absolutamente distinto do que temos hoje. Serão espaços de trocas e não mais de tarefas repetidas e burocráticas”, avalia.

 

Boris Cunha apontou um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) sobre o potencial do trabalho remoto, que identificou que cerca de 20% dos postos de trabalho do Brasil têm possibilidade de atuar no formato de teletrabalho, correspondendo a quase 6 milhões de pessoas. “No entanto, essas atividades estão relacionadas a serviços que não dependem do local como elemento integrante do processo de trabalho, como a manufatura. Essa mudança se dará em trabalhos intelectuais, de ciência e corporativo, mas grande parte do mercado estará do modo antigo”, acredita.

 

Confira outras resenhas de webinars e debates no especial CIDADE E HABITAÇÃO PÓS-PANDEMIA

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