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Arquitetos mobilizam esforços pela preservação do patrimônio histórico

Em diversas cidades, casarios, fortalezas, igrejas e outros exemplares que ajudam a contar a história da formação das populações e das cidades estão em situação de abandono ou deixaram de existir. O mesmo ocorre com as práticas culturais imateriais, como saberes e celebrações, que sucumbem ao tempo. A crescente perda de exemplares significativos do Patrimônio Cultural e Histórico vem despertando a ação de arquitetos e urbanistas em Santa Catarina. Preocupado com a falta de reconhecimento sobre a relevância dos locais de memória, o CAU/SC criou a Câmara Temática Cidade: Patrimônio de Todos. Ligado à Comissão de Políticas Urbanas e Ambientais (CPUA), o espaço existe para oportunizar a participação dos arquitetos e fomentar debates focados na preservação de locais de memória urbana. Na próxima terça-feira, 19 de novembro, a Câmara Temática promove o seminário “Cidade, patrimônio de Todos: As oportunidades e responsabilidades na Preservação do Patrimônio Cultural” em Blumenau, na região no Vale do Itajaí.

 

 

O evento reúne um corpo de especialistas para debater os desafios para a estruturação de políticas capazes de conservar edificações e paisagens de valor histórico e arquitetônico, ampliando o debate que já vem sendo realizado dentro da Câmara Temática. Entre estes desafios apontados pelo trabalho da CT Cidade Patrimônio de Todos, estão a falta de conhecimento técnico dos profissionais que atuam na área e a vulnerabilidade institucional das estruturas governamentais e ações ligadas à preservação e à gestão do patrimônio cultural. “Nossa intenção é buscar uma forma de comunicação que sensibilize a sociedade em geral, os gestores e demais atores políticos, os professores e os estudantes de arquitetura e urbanismo e até mesmo os nossos colegas arquitetos e urbanistas”, afirma Valesca Menezes Marques, conselheira do CAU/SC e coordenadora da CT Cidade Patrimônio de Todos. Na opinião da arquiteta, a preservação do patrimônio não é incompatível com as demandas econômicas das cidades. “É preciso encontrar uma maneira de mostrar o quanto uma edificação de valor histórico e arquitetônico, ou uma paisagem, ou ainda uma ambiência urbana preservadas, podem ser rentáveis economicamente, além dos valores simbólicos e afetivos que representam” aponta.

 

A presidente do CAU/SC, Daniela Sarmento, destaca que o evento assinala a intenção do CAU/SC em abrir diálogo com a sociedade, arquitetos e gestores públicos para buscar soluções para os problemas complexos das cidades. “Temos a oportunidade de ampliar o entendimento do que é possível fazer frente aos desafios de se preservar a paisagem e seus elementos históricos e ambientais. Estamos imbuídos da missão de construir alternativas e buscar uma estratégia de defesa e recuperação do patrimônio construído, que promova a regeneração dos centros históricos com inclusão social, desenvolvimento econômico e equilíbrio ambiental”, completa a presidente.

 

A atividade também faz parte do projeto Fundamentos para as Cidades 2030, promovido pelo CAU/SC por meio da Comissão de Políticas Urbanas e Ambientais (CPUA, à qual a Câmara Temática é ligada). A coordenadora da Comissão, Jaqueline Andrade, lembra que o esforço pela preservação do patrimônio também é parte da agenda proposta pelo Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 11, da Organização das Nações Unidas. O ODS 11, que tem patrocínio oficial do CAU/SC em Santa Catarina. “Não é possível pensar em sustentabilidade sem olhar para o passado e prever o futuro. Olhar pro passado é ver herança, e ver herança é ver patrimônio histórico desde o edifício, passando pela história da cidade e considerando a questão imaterial”, explica a arquiteta.

 

Debates e experiências em favor da preservação da memória

 

O encontro acontece durante todo o dia na sede da Associação dos Municípios do Médio Vale do Itajaí – AMMVI (Rua Alberto Stein, 466, Bairro da Velha). A programação inicia às 9h30min com uma palestra do arquiteto Antonio Miguel Lopes de Sousa, consultor da UNESCO junto ao IPHAN. Souza falará sobre “A identificação de valores e os critérios de proteção dos conjuntos e paisagens culturais”.

 

A segunda palestra apresentará o caso de um projeto de extensão da universidade Furb para promover a Requalificação do Patrimônio Cultural da Imigração em Pomerode. O projeto é viabilizado por meio de convênio entre a universidade, a Prefeitura Municipal do município e IPHAN. As convidadas são as professoras Carla Back, Yone Pereira, Liliane Nizzola e Suelen Artuso. Ambas as palestras contam com espaço para debate aberto e a mediação da arquiteta Vanessa Pereira, Consultora independente IPHAN/UNESCO e integrante da CT Cidade Patrimônio de Todos.

 

A programação vespertina oportunizará a apresentação de experiências práticas de preservação do patrimônio. A memória de um dos autores mais expressivos da arquitetura em Santa Catarina será destacada pelo arquiteto Bernardo Brasil (IFSC) na palestra “Hans Broos e a relação entre cidade e patrimônio”. O representante do IAB-SP Fernando Túlio falará, em seguida, sobre a experiência da preservação do patrimônio cultural e do plano diretor de São Paulo.

 

A terceira e última palestra do encontro tratará da proteção do Patrimônio Cultural no Vale do Itajaí. As convidadas para abordar o tema são as  arquitetas Alexandra De Menegui (Prefeitura Municipal de Blumenau), Liliane Janine Nizzola (IPHAN) Diego Fermo (da Fundação Catarinense de Cultura). As três explanações serão mediadas pelo arquiteto João Serraglio, co-autor do livro Hans Broos: memória de uma arquitetura.

 

Na página de inscrição do evento, é possível conhecer a programação completa e o currículo dos palestrantes. Visite aqui

 

Sobre a CPUA Itinerante

 

Neste ano, o projeto CPUA Itinerante realizou pelo menos outros dois eventos: em junho, debateu a  renovação urbana nos centros históricos no sul do país, dentro do encontro da CPUA-Sul, em Florianópolis. A programação também englobou a Caminhada Jane Jacobs – Florianópolis. No mês passado, dentro do projeto Outubro Urbano da ONU/Habitat, debateu os temas Acessibilidade e Patrimônio em Joinville.

 

Sobre as Câmaras Temáticas

 

As Câmaras Temáticas são mecanismos que permitem a atuação em rede de arquitetos e urbanistas e também de especialistas em temas focais de maneira mais ativa no CAU/SC. Elas fazem parte da Plataforma de Participação Ativa, projeto prioritário da Gestão 2018/2020, definido durante as oficinas de planejamento do CAU/SC. Por meio das CTs, o CAU/SC deseja fortalecer o vínculo dos/as profissionais com o CAU, ampliar a comunicação direta e o diálogo entre as Conselheiras e Conselheiros do CAU/SC e a categoria profissional. Podem participar das Câmaras Temáticas conselheiros/as, arquitetos/as e urbanistas com conhecimento na área e outros profissionais relacionados. Também estão estruturadas as Câmaras Temáticas de Acessibilidade, Estudos Urbanos, Habitação e direito à cidade e Mulheres na Arquitetura.

Uma resposta

  1. Muito oportuno este Encontro diante de tão grande desprezo por parte da sociedade, da esfera pública, e até, de muitos arquitetos!

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