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Arquitetura e Urbanismo nas Escolas: Veja opiniões de professores

O projeto, realizado pela Comissão de Política Urbana e Ambiental (CPUA) e pela Pistache Editorial, pretende desenvolver o olhar crítico de alunos do ensino fundamental para o meio urbano, para que estes possam compreender a cidade como um espaço complexo, em constante transformação, composto por sobreposição de camadas históricas e habitado por pessoas de origens e naturezas diversas. Para desenvolver o projeto foi realizado um processo de escuta de professores e coordenadores de ensino fundamental. Responderam à pesquisa 91 professores (sendo 72% deles de escolas públicas) e 40 coordenadores pedagógicos (60% de escolas públicas) de todo o Brasil.

 

O objetivo final desse trabalho realizado pela CPUA-CAU/BR é encontrar a melhor metodologia de Educação Urbanística, que garanta a eficácia de sua aplicação em sala de aula, sendo de fácil acesso e uso. Sempre levando em consideração a diversidade de projetos pedagógicos, as realidades escolares no território brasileiro e as diferentes culturas e faixas etárias dos alunos. O CAU/BR quer achar formas eficientes de atingir o máximo de escolas em território brasileiro, com materiais que sejam estimulantes para o professor e para o aluno de diferentes culturas e linguagens específicas para diferentes conteúdos pedagógicos.

 

Entre os professores, 95,5% disseram estar dispostos a introduzir de maneira mais efetiva temas relacionados à Arquitetura e Urbanismo em sala de aula. Já 53% acreditam que conteúdos de Arquitetura e Urbanismo têm espaço em todos os anos escolares. Segundo o levantamento, 83% dos professores já trabalharam com o tema Arquitetura em sala de aula (26% deles “de maneira aprofundada”); enquanto 76% já abordaram o tema Urbanismo (14% de forma aprofundada).

 

Os assuntos que são atualmente mais trabalhados com os alunos de ensino fundamental são: problemas urbanos (14%), formação das cidades (13%), espaços e territórios (11%) e plantas, croquis e fachadas (10%). “A construção do espaço (territórios e lugares), a conquista do lugar como conquista de cidadania, interações entre campo e cidade, alfabetização cartográfica (o mapeamento dos espaços) são conceitos que começam a partir do 1º ano do ensino fundamental”, exemplifica uma professora da rede pública. Essa mesma professora conta sobre um projeto do 4º ano, focado na comemoração do bicentenário do Museu Nacional, que incluiu uma análise de sua arquitetura. “Esse conceito foi trabalhado em parceria com uma arquiteta”, relata.

 

 

METODOLOGIAS UTILIZADAS
As atividades relatadas pelos professores são diversas. Um deles levou um arquiteto e urbanista para palestrar para os estudantes; outros trabalharam com produção de mapas do bairro e arredores da escola; houve também relatos em sala de aula sobre onde os alunos moram e como é a arquitetura e urbanismo; além de passeios por centros históricos; e debate sobre a mobilidade para se chegar até a escola. “É possível fazer um projeto de intervenção no bairro quando se estuda democracia ou discute-se cidadania, por exemplo, tendo como foco a limpeza do bairro ao redor da instituição e criar um canal de conscientização sobre a importância da reciclagem. Ou ainda criar um projeto de horta na escola, chamando atenção para a importância de áreas verdes urbanas”, relata uma docente.

 

Uma das professoras lembra que “o aluno está inserido nessas questões, apenas não se deu conta disso. Depois das aulas ele começa a ver o mundo em sua volta que não reconhecia antes”. Outra razão pelo interesse é a formação da cidadania. “Pode criar outro olhar no educando e seu despertar crítico que o ajudará interagir ativamente sobre sua realidade”, relata um respondente. “Trata-se de dar significado e contribuir para mudança social da comunidade a qual pertence. Isso atrai o aluno e o torna protagonista”, diz outro.

 

 

MATERIAIS DIDÁTICOS
Atualmente, quando os professores tratam de Arquitetura e Urbanismo em sala de aula, usam como material de suporte principalmente o livro didático (30%), conteúdos na internet (26%) e atividades de campo. Porém, quando perguntados sobre quais apoios didáticos eles consideram “mais eficientes”, as atividades promovidas fora da sala de aula são as mais citadas (70%), seguidas por vídeos (64%), oficinas presenciais (53%), quadrinhos (34%) e materiais paradidáticos (25%).

 

Quando perguntados sobre outras atividades ou vivências desenvolvidas com os alunos que são relacionadas a Arquitetura e/ou Urbanismo, muitos professores responderam que trabalham com a criação de maquetes, em diferentes anos escolares. Um dos respondentes citou ser comum, principalmente nas séries iniciais, criarem maquetes como a da casa do estudante e do percurso que os alunos fazem para chegar à escola.

 

Outro docente revelou a importância de se ter um arquiteto orientando essas atividades: “Meus alunos do nono ano, com ajuda de um arquiteto, fizeram uma maquete da escola. Muito gratificante”. Alguns professores alertaram para a falta de material sobre Arquitetura e Urbanismo – ou mesmo dificuldade de encontrar determinadas ferramentas. “A escola pouco tem materiais direcionados a esse tema. Ajudaria muito esse apoio”, disse um deles.

 

Outro ponto bastante citado é a qualidade do material encontrado, principalmente nos sites de busca da internet. Este problema foi levantado por 15% dos respondentes. “[É difícil encontrar] conteúdos sem erros conceituais e adaptados especificamente para o primeiro segmento do Ensino Fundamental”, afirma um deles. “A dúvida sobre a confiabilidade do conteúdo é o principal. A repetição de informações também incomoda”, diz outro docente.

 

As respostas mostram uma carência, mas também um ponto de abertura para a criação de materiais sobre Arquitetura e Urbanismo com perspectiva de sucesso tendo em vista o grande interesse dos professores na sua utilização em sala de aula. Agora, a partir desses resultados apresentados pela Pistache Editorial, que incluíram uma proposta de ferramentas para implementação do projeto de Educação Urbanística pelo CAU/BR, a Comissão de Política Urbana e Ambiental (CPUA) pretende identificar quais estratégias a serem seguidas a curto, médio e longo prazo.

 

Comissão de Política Urbana e Ambiental do CAU/BR: Nikson de Oliveira (RR), Wilson de Andrade (MT), Lana Jubé (GO), Josélia Alves (AC) e Patrícia Luz (RN).

8 respostas

  1. Amei isso! Acho fenomenal que as crianças aprendam e se tornem adultos conscientes do espaço territorial, dedicando valor às diferenças que compõem esse espaço e promovendo justiça social. Especialmente quando tiverem em mãos poder de decisão sobre áreas especiais sendo proprietários destas ou administradores.

  2. Excelente iniciativa da Pistache Editorial e CPUA-CAU/BR. Formar crianças cidadãs que percebem o local aonde vivem e reconhecem a cidade como delas é essencial para formar pessoas que construam cidades para pessoas no futuro.
    O debate deve acontecer e assim poderá se beneficiar de embasamento crítico, técnico e pessoal.
    Vamos acompanhar as iniciativas e desde já me coloco a disposição para ajudar a nível local para a colocação em práticas dos projetos que com certeza virão!
    Parabéns.

  3. BOA TARDE.O assunto proposto, além de ser vital e fundamental,na “costrução” deste território,onde todas as crianças em idade escolar circularão, desde que hajam as iniciativas(que pouco existem no Brasil),em permitir que todos os agentes privados e públicos(estados e municípios),façam uma interligação efetiva,real,onde o resultado é altamente positivo.Crianças bem informadas,cidadãos conscientes,em qualquer espaço.
    Tenho livro inédito,que trata deste assunto,de um modo especial,pois aborda na linha do tempo,a interconexão, entre dois BAIRROS, da Cidade de Pôrto Alegre.Um ao Norte e o outro ao Leste, do território Urbano.
    mas o fator de ligação entre bairros,é a demonstração da existência de conexões históricas, desde a formação da Cidade, através dos eixos(estradas,prédios públicos,casarios antigos,igrejas,comércio,cinemas,parques,praças,ferrovias,portos,enfim,através desta “caminhada” virtual,etnográfica,documental,fotográfica,fiz a proposta do livro, com o objetivo de chegar nas mãos de estudantes de todos os níveis,principalmente os primeiros anos escolares.Com o objetivo de demarcarem os territórios de pesquisa de campo,e ali junto com os mestres,sociedade,escola e outros,de fazerem um “inventário”,coletando em casa,seja o que for,para ilustrarem o “BAIRRO”,0 quarteirão,a rua,enfim,tentar apropriar-se destas informações desde cedo,para assim obter um “mapa social”,de onde vivem,não somente no presente,mas avaliando o passado,e refletindo sobre o futuro.Os bairros escolhidos no livro,foram o primeiro,onde nasci,e vivi até a idade de 14 anos, e o outro onde vivi por 40 anos.O primeiro faz parte da origem da cidade,e o segundo de certo modo também,o que tento é fazer as “interconexões”,desde a fundação até a atualidade, passando pelas mudanças.Assim apoio totalmente qualquer iniciativa, na qual nós arquitetos e urbanistas,não podemos ficar alheios.Avante.Sucesso.Quanto ao meu livro aguardo por financiamento.

  4. inserir o jovem no pensar no meio em que ele vive. Nos diferentes contextos da cidade.
    Ajuda a se tornar um cidadão mais completo, inclusive nas demandas de seu bairro, de sua comunidade.
    O que precisa é de conteudo de internet, atividades externas. O conhecer a cidade.

  5. Estive no Encontro de SP do cAU BR em 2018.
    Este versou sobre o ensino da Arquitetura
    E eu fiz este levante sobre abrigar os estudos já nas primeiras series das escolas. Educacao Urbano-
    Ambiental. Assim me disponho

  6. Somente para economizar centenas de diárias de conselheiros, que tal deixar essa tarefa para a ABEA e que ela combine com as escolas, as IES. a promoverem em seus mestrados e doutorados e nos programas sanduiches ( com temperos sofisticados de Paris, Londres, Lisboa) com tais pesquisas. Convoquem os professores com salarios de mais de 20 mil reais a realmente se dedicarem a propostas e deixarem de literaturas europeias cujas cidades crescem tão devagar que precisam inventar um urbanismo que fica cada vez mais distantes da nossa. Assim, os produtos academicos podem ser sensação nas universidades “abroad”, mas para o exercicio profissional deve ser coisa sem finesse cultural.
    Essa Comissão de Ensino é uma aberração. Gasta muito dinheiro que deveria ser da conta das escolas e do ministerio da educação. Sinto falta de conceito. Para que veio o CAU? Nem rá ficar fuçando escolas básicas nem para ficar badalando escritorios que tem clientes no exterior.
    Prestem mais atenção a grande maioria que paga anuidade e RRT para trabalhos muito simples, as vezes por completa comercialização do ensino que os impossibilita a enfrentar maiores exigencias de projeto ou atividade. e as vezes por uma excessiva propaganda de uma profissão charmosa para clientes “marchants” ou de politicos que os indicam. Tem arquitetos pagando para serem publicados na Casa e Jardim e outras revistas, ou aceitando entrar em clubes de RT – Reserva técnica, por desespero de ter alguma promoção individual enquanto o CAU os abomina. Pensem nisso. Tenho muito mais para escrever, mas também tenho que fazer algo comerciável, entende?

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