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Não poderia de deixar de fazer esta pequena homenagem ao Carlos

Depoimento do arquiteto e urbanista Pedro Cury em sua página no facebook

 

 

Não poderia de deixar de fazer esta pequena homenagem ao Carlos.

 
Não coloquei a cruz preta ao lado do nome dele porque ainda não me acostumei com a sua morte. Uma amizade solida construída ao longo de quase quarenta anos não pode simplesmente se esvair no ar. Ainda tenho muita coisa viva do Carlos comigo. Não era uma pessoa fácil de entender, porem nunca tivemos nesses anos todos nenhum atrito que abalasse essa amizade assentada num consistente respeito mútuo.

 

A competência do Carlos como arquiteto e urbanista todos conhecem. Está aí cantada em todos os lugares e publicações. Eu quero realçar aqui um pouco do ser humano, a pessoa Carlos Bratke e o amigo querido que era. Éramos arquitetos, mas atuávamos profissionalmente em áreas diferentes. Porem em se tratando de arquitetura estávamos sempre juntos. Foi presidente do IAB-SP e eu também.

 

Na ocasião que eu estava ocupando a presidência do IAB, um diretor da Fundação Bienal me procurou para sondar o nome do Carlos para a presidência da Fundação. Ele inicialmente não estava afim, mas acabou aceitando pela importância que teria para as Bienais de Arquitetura. Na sua gestão Carlos fez duas exposições de artes, uma de arquitetura, e deixou a seguinte engatilhada. Em Veneza conseguiu participar de duas bienais de arquitetura.

 

Nas gestões do Carlos, eu estava participando do Conselho da Fundação e da curadoria das Bienais de arquitetura. Estávamos juntos. Numa época que eficiência, tecnologia, informática e outras afins, eram palavras da moda, usamos todas elas com muita tranquilidade, pois sabíamos o queríamos. Resultado: Tudo o que propusemos, conseguimos realizar. Problemas, claro que tivemos, e como teve.

 

Porem a base para superar todos eles, foi a amizade que permeava em toda a equipe tendo o Carlos como agregador. Aparar arestas muitas, eu mesmo aparei diversas. MUSEU DA CASA BRASILEIRA. Num certo momento Carlos foi nomeado diretor do MCB. O museu estava atravessando sérias dificuldades financeiras e de agenda. O Carlos me chamou para ajuda-lo a montar uma sociedade amigos do museu, com a finalidade de conseguir recursos em forma de patrocínio para custear os eventos.

 

Com toda uma equipe que se dispuseram a trabalhar voluntariamente, inclusive advogados, pois sabíamos das dificuldades jurídicas da empreitada, fizemos muitas reuniões que geralmente terminava tarde da noite. Finalmente conseguimos montar o arcabouço jurídico da Sociedade. A burocracia é complicadíssima e exasperante.

 

Pedro Cury e Carlos Bratke

 

Terminada essa etapa, formamos uma diretoria e começamos a funcionar. Todos ficamos impressionados com o desprendimento e o entusiasmo do Carlos com o museu e a sociedade, o que contagiou a todos e nos levou a continuar o trabalho para uma segunda etapa. Um museu sem um bar-restaurante não está completo. Partimos então para essa etapa. Depois de muitas dificuldades e algumas adaptações o restaurante foi inaugurado e, se não me engano funciona até hoje.

 

Bem, eu teria mais historias para contar, mas creio que já deu para ter uma ideia da personalidade e desprendimento do Carlos, as vezes até em prejuízo de seu escritório, para esse trabalho eminentemente cultural sem nenhum retorno financeiro. 

 

Como ninguém é de ferro, nossa amizade não ficou só nisso. O Carlos tinha uma casa em Campos do Jordão, e eu também. Os momentos de lazer estavam sempre na pauta. Desses encontros em Campos sempre combinávamos alguns programas interessantes. Só de final de ano passamos juntos muitas viradas de ano, que aproveitávamos para conhecer novos lugares.

 

 
É isso. Muito emocionado, paro por aqui. 

 

 

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