EVENTOS

Bairros Históricos: Financiamento e sustentabilidade do Patrimônio

“Financiamento e sustentabilidade do Patrimônio” foi o tema da segunda mesa de debates do “Seminário Internacional Gestão Inovadora de Bairros Históricos” no dia 10 de setembro de 2018.

 

O evento, que se estendeu até o dia 11, foi promovido pela Comissão de Relações Internacionais do CAU/BR, em co-realização com o CAU/SP e o curso de pós-graduação de Arquitetura e Urbanismo da FAU da Universidade Mackenzie, como apoio da CAPES.

 

Nessa página você encontra uma síntese das palestras e debates, as íntegras das apresentações, vídeo e entrevistas.

 

MICHAEL BALL 

 

(Professor de Economia Urbana e Economia Imobiliária na Henley Business School da Universidade de Reading, no Reino Unido, trabalha no campo do planejamento e da economia das transformações imobiliárias. Tem longa experiência na pesquisa em cidades, mercados imobiliários e fundiários e Políticas Habitacionais. Tem várias publicações no campo acadêmico e fora dele e atualmente pesquisa a provisão de habitação , finanças globais, patrimônio urbano e impostos fundiários)

 

Michael Ball

 

Michael Ball destacou que as cidades mudam continuamente  ”por que  são como maquinas” e sofrem os impactos da evolução tecnológica,  e que a velocidade dessas transformações ficou ainda mais acelerada nos últimos anos. Londres, por exemplo, na década de 1960 ainda era uma cidade industrial, hoje é praticamente uma cidade voltada aos serviços. A composição social da cidade mudou, em consequência também o padrão de consumo e aumentaram os custos para se viver na cidade. Tudo isso coloca Implicações dramáticas para a preservação do Patrimônio, cuja conservação é cara e demanda subsídios públicos. “Mas também é necessário estimular o investimento privado”.

 

“Uma forma de fazer isso é fomentar o engajamento das instituições privadas, em que seria possível explicar porque é necessário trabalhar com a questão do Patrimônio, e mostrar os resultados que isso pode trazer”, afirmou. “Você não pode ter uma economia de mercado ativa sem explicar os benefícios de se preservar o Patrimônio, porque senão o Patrimônio não vai sobreviver”.

 

Na opinião dele, “ao invés de simplesmente ter uma coisa preservada como era no passado, estática, o  interessante é preservar algo e também mesclá-lo com um aspecto mais novo, dar uma uma nova cara ao bairro. Não é só uma questão de recriar o passado mas utilizar todo o ambiente para criar um presente mais interessante, o que exige bons projetos arquitetônicos e muita criatividade para fazer uma mescla interessante. E se você tem algum bairro com tais características, a cidade inteira vai se beneficiar ”.

 

O economista também chamou a atenção para a necessidade do “músculo político”, constituído por diferentes grupos, desde pessoas de alta renda a organizações não governamentais, que  criariam uma aliança transversal em defesa do Patrimônio.  Segundo ele, “existe uma clara evidência que os grupos populares também apreciam o Patrimônio, mas não necessariamente em todos os aspectos ou nos mesmos aspectos que os grupos de alta renda. Muitas vezes eles gostam do benefício da consequência da preservação, eles se identificam como algum aspecto cultural”.

 

A questão chave é como garantir a sustentabilidade a longo prazo dessas iniciativas. “As pessoas querem viver naquela moradia ou naquele local e querem se beneficiar de toda estrutura ao redor e, para tanto, é necessário criar também diferentes empregos ou formas de trabalho no lugar. Além disso, é necessário procurar melhorar a qualidade de vida dos  moradores e o nível de produtividade da região, encorajar os pequenos negócios e não só os grandes negócios ou uma grande tendência. Criar condições para que as pessoas possam crescer e se expandir ali em pequena, média e grande escala”.

 

Se a preservação for bem sucedida, ela pode elevar o valor fundiário do local, dai ser  necessário que haja uma boa regulamentação para evitar abusos como a especulação imobiliária. “Os proprietários não devem deixar suas casas vazias, pensando que o aluguel não vai ser mais alto no futuro. O que é importante é realmente criar um sentimento e um ambiente melhor para todos ali. Dessa forma a gente consegue melhorar a vida dos moradores e a econômia. Muitas cidades no norte da Inglaterra ou nos Estados Unidos passaram por isso, tiveram uma dificuldade para criar nova vida ali, é um processo longo mas é essencial”.

 

Clique no link para acessar o ppt da apresentação de Michael Ball

 

KATE DICKSON

 

(Arquiteta e historiadora, dirige o grupo de consultoria Creative Heritage, foi  diretora do Heritage works Buildings Preservation Trust, onde se responsabilizou por inúmeros projetos de recuperação do Patrimônio Histórico, faz parte do Grupo Heriatge Trust Network e é mentora do Heritage Lottery Fund)

 

Kate Dickson

 

Kate Dickson , do Heritage Trust Network, um fundo britânico para preservação do patrimônio, abordou um exemplo real no Reino Unido.

 

Uma fábrica de máquinas a vapor construída em 1798 em Ancoats, Manchester (Reino Unido), estava em decadência desde a década de 1960. Através de esforços de voluntários, e lançando mão de recursos da loteria nacional, foi possível iniciar o processo de recuperação do edifício e atrair investidores da iniciativa privada.

 

“Murray´s Mills foi um catalisador fenomenal para a regeneração do resto da área: uma vez que o investimento público chegou, o desenvolvedor privado começou a se dar conta de que poderia arriscar a colocar dinheiro também, porque a região começou a melhorar. E tem muito trabalho para arquitetos por lá agora”, afirmou Dickson.

 

Clique no link para acessar o ppt da apresentação de Kate Dickson

 

Acesse entrevista de Kate Dickson para o Esquina

 

LÍDIA GOLDENSTEIN 

 

(Economista brasileira, trabalhou no SEADE, no CEBRAP e na Assessoria da Presidência do BNDES. Foi professora de diversas instituições, tem diversas pesquisas e artigos publicados sobre questões político-econômicas. Como consultora participa do conselhos de empresas privadas e públicas. É atualmente vice-presidente da Bienal de São Paulo)

 

Lidia Goldeinstein

 

Lidia Goldeinstein falou sobre a regeneração das cidades com base na Economia Criativa. Ela começou relacionando a aceleração (velocidade e intensidade) das transformações das cidades na atualidade com as mudanças tecnológicas trazidas pela Quarta Revolução Industrial.

 

A globalização da economia provocou um rearranjo do setor manufatureiro que migrou de grandes centros ocidentais, como Londres e Barcelona, por exemplo, para os países asiáticos, começando pela China. Como reflexo, houve uma perda de postos de trabalho, renda e impostos.

 

 “Mas ao mesmo tempo, com a revolução digital, houve outra mudança fundamental: a geração de valor deixou de ser baseada nos ativos tangíveis e passou a ser crescentemente determinada por ativos intangíveis. Ou seja, pesquisa e desenvolvimento, design, softwares e marcas ganharam uma relevância que até há pouco tempo não existia”.

 

“A Economia Criativa foi a resposta que alguns países deram objetivando novas estratégias de bairros vazios com as fábricas abandonadas. Começou na Inglaterra, no governo Blair, nos anos 1990, depois foi para os Estados Unidos e outros países. A ideia é de uma mistura de políticas cultural, urbana e de inovação, que se complementam, gerando um caldo de cultura urbano com empregabilidade em um setor sofisticado, criando geração de valor nessas cidades e países”.

 

Um projeto de regeneração urbana no Brasil, diz ela, tem que reconhecer a Economia Criativa como uma aliada, mas para tanto é preciso que o país recupere seu atraso e deixe de se pautar com base na política econômica dos anos 50. “Estamos querendo salvar uma indústria que não existe mais”.

 

DEBATES 

 

Os arquitetos Silvio Oksman (Escola da Cidade) e Vanessa Bello (CAU/SP) foram chamados para a fase de comentários da mesa.

Bello afirmou que é necessário pensar em preservação do patrimônio no âmbito de uma política urbana territorial. “Não estamos acostumados a fazer planos regionais nem considerando o ambiental, o urbano, ou as relações de economia regional; então, colocar a cultura e o patrimônio nesse ingrediente vai ser mais um desafio”, ponderou.

 

Oksman trouxe a tragédia do Museu Nacional no Rio para o debate sobre financiamento. “Eu, mais do que arrisco, eu afirmo sem o menor medo que não falta dinheiro, definitivamente não falta dinheiro; o que falta é gestão e organização para esse dinheiro chegar aonde precisa chegar”, ponderou.

 

Assista ao vídeo com as palestras da tarde de 10 de setembro:

 

Veja mais: Bairros Históricos: Fortalecimento Territorial, Institucional e Gestão

 

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