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Briane Bicca: a arquiteta que fez história na preservação do patrimônio nacional

A arquiteta e urbanista Briane Bicca sempre trabalhou pela preservação da história e memória do patrimônio arquitetônico, urbanístico e paisagístico nacional. Nascida em Porto Alegre (RS) no ano de 1946, Briane teve uma atuação profissional marcante no fortalecimento das políticas para a preservação do patrimônio cultural no Brasil.

 

Briane se formou em arquitetura na Universidade de Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) em 1969. Em 1979, concluiu doutorado em planejamento urbano na Universidade de Grenoble, na França. Ela se especializou também em conservação arquitetônica no Centro Internacional de Estudos para a Conservação e Restauro de Bens Culturais, em Roma, na Itália.

 

Trabalhou como técnica de planejamento do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) entre 1979 e 1992, quando coordenou o grupo de trabalho para que Brasília se tornasse Patrimônio Cultural da Humanidade. Também na capital federal, foi responsável pela implantação e coordenação, entre 1992 e 2001, do Setor de Cultura da Unesco no Brasil. Em Porto Alegre, coordenou o Programa Monumenta, do Ministério da Cultura, e, mais recentemente, o PAC Cidades Históricas, do Ministério do Planejamento.

 

Arquiteta e Urbanista Briane Bicca, importante defensora da preservação do patrimônio nacional. Foto: Acerco do IAB/RS.

 

Trabalhou como técnica de planejamento do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) entre 1979 e 1992, quando coordenou o grupo de trabalho para que Brasília se tornasse Patrimônio Cultural da Humanidade. Também na capital federal, foi responsável pela implantação e coordenação, entre 1992 e 2001, do Setor de Cultura da Unesco no Brasil. Em Porto Alegre, coordenou o Programa Monumenta, do Ministério da Cultura, e, mais recentemente, o PAC Cidades Históricas, do Ministério do Planejamento.

 

A morte precoce de Briane, em junho de 2018, provocou a manifestação de arquitetos e urbanistas, entidades de classe, políticos e órgãos governamentais sobre a importância de seu legado, não apenas para o patrimônio, mas também para os profissionais que puderam conviver e aprender com seu espírito fraterno em defesa do bem comum.

 

“Lentamente, o Centro Histórico passa a ser cada vez mais valorizado pelos cidadãos de Porto Alegre. Essa valorização se estende aos órgãos permanentes de defesa do patrimônio. É importante reforçá-los, pois o Monumenta tem começo, meio e fim. É só mais um passo nessa longa estrada que nos conduz a preservar e a valorizar o legado construído por nossos antecessores. Uma herança que temos o compromisso de manter viva”. (Briane Bicca – Série Preservação e Desenvolvimento: Praça da Alfândega, 2007)

 

Capacidade técnica e força de articulação

 

Briane Bicca discursando em um evento da Prefeitura Municipal de Gramado sobre a paisagem como patrimônio nacional. Foto: Acervo do IAB/RS.

 

O arquiteto e urbanista Eduardo Hahn é um destes profissionais que pode compartilhar histórias ao lado de Briane, homenageada do Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU/RS) neste Dia Internacional da Mulher. “Conheci a Briane quando trabalhávamos no Iphan pelo ano de 2002. Ela era a Coordenadora do Programa Monumenta em Porto Alegre e eu trabalhava como Chefe do Escritório Técnico da cidade de Antônio Prado. Começamos a ter mais contato quando passei a ocupar o cargo de Chefe da Área Técnica da Superintendência do Iphan no Rio Grande do Sul e a trabalhar mais de perto com os temas que envolvem a cidade de Porto Alegre”, comenta.

 

Ele destaca os importantes projetos gerenciados por ela e acompanhados por ele no período. “Os projetos gerenciados pela equipe do Monumenta foram vários, desde a restauração dos prédios do Museu de Arte do Rio Grande do Sul (MARGS) e do Memorial do Rio Grande do Sul, das fachadas do Palácio Piratini, do portão do Cais Mauá, da Praça da Matriz e Praça da Alfândega, do prédio da Pinacoteca Rubem Berta, da parte incendiada do Mercado Público, de 15 imóveis de valor cultural de propriedade particular no Centro Histórico de Porto Alegre através do edital do FUMPOA (Fundo Monumenta Porto Alegre) e vários outros”, relembra.

 

“A grande capacidade técnica da Briane Bicca, aliada à força de articulação que ela tinha devido ao seu prestígio e experiência em diversos setores e instituições, agilizava todos os processos e nos ajudava a encontrar alternativas corretas para resolver os problemas burocráticos que são cotidianos na nossa área de atuação. Briane deixou, além do resultado do seu esforço para a recuperação do patrimônio cultural, um exemplo de ser humano a ser seguido, que luta pelo bem-estar da sociedade através de uma ação persistente e ininterrupta, com uma grande dose de doçura e respeito a todos”, destaca Eduardo Hahn, hoje integrante da Comissão Temporária de Patrimônio Histórico do CAU/RS.

 

Discussão das áreas do Centro de Porto Alegre e do Cais do Porto. Foto: Bruno Todeschini

 

“No Projeto Interpretativo do Centro Histórico, estamos trabalhando para que nas esquinas das ruas sejam colocadas placas, que além dos nomes atuais, contenham as denominações antigas dessas vias. Em locais com significado especial, também serão instalados painéis contendo fotos e referências feitas a eles por escritores rio-grandenses em suas obras. Da mesma forma, nos principais monumentos e prédios de valor cultural, está prevista a colocação a uma placa contendo um resumo de sua história”. (Briane Bicca – Série Preservação e Desenvolvimento: Praça da Alfândega, 2007)

 

Guardiã da memória e promotora dos diálogos

 

O arquiteto e urbanista Tiago Holzmann da Silva, presidente do CAU/RS, também pode acompanhar momentos da carreira de Briane de perto. “Entre os principais colegas da área do patrimônio no Brasil, a Briane Bicca era uma das mais queridas e reconhecidas. De personalidade generosa e carinhosa, mas sempre atuando com firmeza e integridade, ela se destacava por ser uma promotora do diálogo e dos consensos, com muita capacidade de relacionamento e respeito à diversidade de opiniões. Era uma pessoa de ação que não aceitava o pessimismo: preferia fazer a reclamar”, salienta.

 

Assim como Eduardo, Tiago reforça a importância do legado da arquiteta e urbanista: “O trabalho da Briane, os exemplos e os resultados de sua atuação são um importante legado que recebemos e contribuem muito para que a causa do patrimônio sensibilize cada vez mais pessoas”. O presidente do CAU/RS ainda destaca a atuação de Briane junto às entidades de classe. À época de sua morte, ela integrava o Conselho Superior do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB RS) e acabava de iniciar seu mandato, pelo Rio Grande do Sul, como Conselheira Federal suplente do CAU/BR.

 

Briane inspira histórias e memórias. Tiago conta que, em 1975, “três jovens estudantes universitários subiram em uma árvore para que ela e outras não fossem cortadas em função das obras de um viaduto próximo à Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) na capital gaúcha”. Nessa época, comenta, “diferente de agora, a sociedade não tinha compreensão da importância da preservação da natureza e da prioridade das árvores sobre os viadutos. A Briane era um pouco como os três estudantes, mesmo que sozinha ou acompanhada de meia dúzia, estaria sempre disposta a abraçar o patrimônio e defender suas convicções”.

 

Eduardo Hahn complementa: “A Briane, para mim, sempre foi um ícone no que diz respeito ao profissional qualificado e de sucesso na área do patrimônio cultural. O seu histórico sempre me serviu de inspiração para continuar a caminhar pelos difíceis meandros da preservação do patrimônio. É uma pessoa que sempre ficará na nossa memória e no nosso coração. A Briane continua, apesar de ausente, a fazer parte do nosso cotidiano de trabalho e a sua lembrança nos dá forças para continuar a luta diária pelo respeito à história e à cultura nacional”.

 

A arquiteta e urbanista também será a grande homenageada na 21ª edição do Congresso Brasileiro de Arquitetos (CBA), que ocorre de 9 a 12 de outubro em Porto Alegre.

 

 

Por Gabriela Belnhak Moraes, Assessora de Comunicação do CAU/RS

2 respostas

  1. Para sempre em meu coração…querida Briane…saudade insuportável… perda inexplicável…sua voz tem um eco poderoso na preservação do Patrimônio Brasileiro…Betania Brendle

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