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CAU/PI: Raquel Carvalho: é preciso lutar contra as vulnerabilidades

Demonstrar que a Arquitetura e Urbanismo tem um papel essencial no planejamento das cidades e fazer com que essa visão chegue aos pequenos municípios e em grandes regiões urbanas desordenadas são desafios que precisam ser enfrentados pelos arquitetos e urbanistas. Com mais de 10 anos estudando, atuando no mercado e lecionando sobre isso, a arquiteta e urbanista Raquel Carvalho conhece bem as dificuldades que precisam ser superadas e os avanços conquistados pela área em meio a esta discussão.

 

Formada pelo Instituto Camilo Filho (2009), com especialização em Política e Planejamento Urbano Regional (2011) e mestrado em Engenharia Urbana (2015), ambos pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, a professora entende que os arquitetos e urbanistas precisam ser os principais responsáveis por mostrar que sua profissão tem uma responsabilidade social e deve ser desenvolvida com comprometimento com a cidade.

 

Raquel observa com otimismo um crescimento da paixão dos jovens profissionais com a pauta do planejamento, projeto e gestão do espaço urbano. “Não somente os estudantes e profissionais da área, mas as pessoas de um modo geral estão cada vez mais interessadas em pensar e discutir sobre as cidades, e isso tem a ver com os momentos político e social que estamos vivendo, além da capacidade da internet e das redes sociais em nos facilitar o acesso à informação e, de certa maneira, de reforçar nossa qualidade enquanto protagonistas indispensáveis na construção da cidade que queremos” avalia.

 

No Piauí, são 224 cidades, dentre as quais 161 possuem até 10 mil habitantes. Os dados são do IBGE (2010). O que de longe parece ser um impedimento para fazer com que a Arquitetura e Urbanismo alcance os locais mais longínquos, a professora percebe que na verdade é um grande campo que precisa ser explorado e melhor ocupado pelos arquitetos e urbanistas. Ela cita que o fato de muitos estudantes serem oriundos do interior do estado e pretenderem voltar às cidades de origem, é fundamental fomentar nos pequenos municípios a visão de que a Arquitetura e Urbanismo está presente e é relevante para melhorar a qualidade de vida em todos os lugares, e não só nos grandes centros.

 

No entanto, a experiência da professora abre caminho para uma indagação. “Até por uma questão de mercado, temos muita gente indo trabalhar no interior, tendo em vista que o campo de atuação profissional em Teresina está começando a saturar. Me questiono se esses arquitetos e urbanistas que estão indo atuar no interior, especialmente em cidades sem plano diretor ou legislação urbana bem estruturada, preocupam-se com o padrão de uso e ocupação do território e seu impacto a médio e longo prazo no desenvolvimento social, na equidade e na qualidade de vida dos pequenos municípios” pontua.

 

 

Neste Dia Internacional da Mulher, é sempre oportuno refletir sobre os caminhos a serem trilhados para que as mulheres ocupem cada vez mais espaços de protagonismo na sociedade, a fim de alcançarem a igualdade e o devido respeito no mercado de trabalho. No caso da Arquitetura e Urbanismo, Raquel Carvalho ressalta que um ponto fundamental é de que as mulheres tenham confiança no trabalho que desenvolvem, não somente no resultado final mas também em seus métodos, e ressalta que a luta por igualdade está além da profissão.

 

“Desigualdade de gênero não é uma exclusividade da profissão da mulher arquiteta e urbanista, é um problema estrutural de nossa sociedade. Não podemos nem entendê-lo nem enfrentá-lo partindo apenas do segmento do projeto e da construção civil. Enquanto não combatermos o machismo e a misoginia presentes no dia a dia da mulher, do ambiente doméstico ao ambiente profissional, passando pelo campo da vida social pautada na escala da cidade, jamais nos soltaremos das amarras de uma sociedade patriarcal. É nossa responsabilidade também levantar e sustentar essa luta de modo interseccional, fortalecendo os feminismos que entrelaçam as vulnerabilidades de classe e de raça. Somente neste caminho construiremos espaços de atuação social e profissional onde nossa inteligência seja respeitada, e não subjugada. Onde nossas qualidades e capacidades sejam cultuadas, e não interpeladas”, diz a professora.

 

Uma das formas de sensibilizar os estudantes em formação e desenvolver o entendimento de que a presença da Arquitetura e Urbanismo pode fazer uma grande diferença na vida das pessoas é através da divulgação de trabalhos acadêmicos. Para isso, a professora do Centro Universitário UNINOVAFAPI, Raquel Carvalho, coordena o projeto de extensão “SERURBANO”, através do qual os alunos vivenciam a vida nas comunidades, elaboram um diagnóstico urbano, fazem estudos de concepção e confeccionam planos de intervenção para as áreas.

 

Através da disciplina de Projeto Urbano, a cada semestre são desempenhados projetos de urbanização de assentamentos precários em áreas sensíveis à água, já tendo trabalhado com seus alunos nos bairros Olarias, Poty Velho e Mafrense e nas vilas Madre Teresa de Calcutá, Parque Rodoviário e Jerusalém. Por sua vez, na disciplina de Projeto de Arquitetura Urbano-Ambiental, desenvolvem planos de qualificação da ambiência urbana para tornar microterritórios da cidade em espaços mais criativos e educativos.

 

Quem quiser acompanhar de perto o trabalho do grupo de extensão, pode acessar a conta “_serurbano” no instagram.

 

Por João Magalhães – CAU/PI

 

Veja também: 

CAU/BR: DIA INTERNACIONAL DA MULHER: as ações do CAU em defesa da Equidade de Gênero

Uma resposta

  1. Mesmo com o novo corona virus terá congresso? O mundo fechando as portas, até jogos esportivos
    Sendo cancelado!!!!!!! E o Brasil incentivando ???

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