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Ciclo de debates do CAU/RJ aborda a mulher nas cidades

Mulheres, sobretudo as racializadas, negras, pobres e morando em alojamentos precários estão pagando os custos mais altos dessa pandemia. Este é um dos alertas feitos pela arquiteta e urbanista Diana Helene Ramos na segunda live do Ciclo de debates: cidades inclusivas para mulheres, promovida pela Comissão de Equidade de Gênero do CAU/RJ, dia 18. O evento foi mediado pelas conselheiras do CAU/RJ Cris Reis e Leila Marques.

 

 

Para Diana Ramos, que falou sobre o papel das mulheres e a coletivização do cuidado, essa situação da mulher na atual pandemia está diretamente relacionada com o aumento gigantesco das necessidades de cuidado terem saído da esfera pública e se interiorizado no lar. Essas atividades estão sendo acumuladas pela representante adulta dentro das residências, mães, esposa ou domésticas.

 

E não é só a questão do cuidado dentro de casa, segundo Diana, que afeta as mulheres nesse momento, mas tudo que envolve esse isolamento, pois algumas pessoas podem ficar em casa, seguras, enquanto outras estão realizando o trabalho para elas, como é o caso das empregadas domésticas. Segundo a arquiteta, quase 6 milhões de mulheres no Brasil estão neste mercado de trabalho, das quais 3,7% são negras e em grande parte trabalham na informalidade. “Podemos dizer que esse trabalho no Brasil tem gênero, cor e classe”, afirmou.

 

Diana Ramos destacou que o cuidado, inclusive nas atividades remuneradas, também é realizado por mulheres: 70% do quadro de profissionais de saúde; 84,7% dos auxiliares e técnicos de enfermagem, entre elas 53% são negras; 95% das pessoas que trabalham como cuidadoras e 85% dos cuidadores de idosos.

 

 

Ao tratar do tema Mulheres Negras e o Direito à Cidade Antirracista, a arquiteta e urbanista Luciana Mayrink apontou algumas dificuldades enfrentadas pelas mulheres negras na cidade, como o pré-julgamento e o julgamento de fato. “Essa geografia incorporada nas mulheres negras faz com elas passem por todos esses marcadores e ela não é só isso, mas milhões de outras situações. A mulher negra enfrenta muitos problemas nessa cidade que não é feita para ela e não é pensada para abarcar essa pessoa que sofre tantos problemas sociais”, enfatizou.

 

Luciana Mayrink relatou um pouco do trabalho que realizada no Coletivo Terra Preta, que faz uma abordagem racializada da cidade. “Acredito que esse trabalho é uma forma dos nossos instrumentos profissionais abordarem a inclusão do negro no planejamento urbano. É uma das inúmeras maneiras que podemos trabalhar dentro da Arquitetura e Urbanismo uma abordagem antirracista, tentando desconstruir esses projetos, desenhos e a conformação social que vivemos hoje e incluir essas mulheres negras e esse povo preto na conformação das nossas cidades”, defende.

 

O Coletivo é formado por outras arquitetas e urbanistas e busca expressar, também, formas de alimentar as representações e explicações que reafirmam a humanidade dos negros e negras. Para Luciana, isso é um exercício permanente, inclusive dentro da Arquitetura e Urbanismo, onde é difícil conseguir introduzir formas de planejamento de projetar que não sejam uma perpetuação de formas racistas e que são o modelo de sociedade que vivemos hoje.

 

Confira outras resenhas de webinars e debates no especial CIDADE E HABITAÇÃO PÓS-PANDEMIA

 

 

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