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Fabricia Zulin e Renata Coradin: “Por que não ‘arquitetas associadas’, no feminino?”

Por Emerson Fonseca Fraga, Jornalista do CAU/BR

 

 

As arquitetas e urbanistas Renata Fragoso Coradin e Fabricia Zulin (Foto: Arquivo Pessoal)

 

As paulistas Fabricia Zulin e Renata Fragoso Coradin são as arquitetas e urbanistas responsáveis por conceber e acompanhar a execução das 98 unidades habitacionais do loteamento Canhema II, em Diadema, na região metropolitana de São Paulo (SP). As residências são destinadas às famílias que integram a Associação dos Moradores de Baixa Renda da Região Oeste de Diadema.

 

Parte do trabalho das arquitetas e urbanistas foi financiado pelo edital do CAU/BR para programas de assistência técnica para habitação de interesse social, lançado em 2015. “Os moradores estavam com dificuldades em reunir os recursos suficientes para o atendimento de todas as famílias, porque o projeto precisa ser adaptado a cada uma delas. Então sugerimos a participação no edital, demos o suporte necessário e conseguimos o apoio” (clique aqui para saber mais).

 

“É um processo que começou em 2013 e não tem data para terminar, porque as famílias não costumam construir tudo de uma vez. Elas juntam os recursos ao longo de um período e vão fazendo as residências aos poucos”, explica Renata. “Nesse trabalho – e nos nossos outros –, consideramos a função social do arquiteto e urbanista, sem pensar somente na questão mercadológica”, afirma Fabricia Zulin.

Perspectiva de habitações do Loteamento Canhema II (Foto: Habitar Arquitetas Associadas)

 

A dupla, em parceria com o colega Paulo Bruna, está trabalhando ainda em outro projeto de longo prazo: o plano urbanístico para o lote 22 da Ação Integrada Água Espraiada 2+5, em Jabaquara, São Paulo. A proposta foi selecionada em 2011 pelo concurso nacional “Renova SP” para um dos vinte e dois perímetros de intervenção da área, que ao todo comporta 209 favelas, com 130 mil moradias para reassentamento.

 

O escritório de Fabricia e Renata fica em São Paulo (SP) e se chama Habitar Arquitetas Associadas, no feminino. “Sempre vemos no mercado os escritórios de ‘arquitetos associados’, e por que não ‘arquitetas associadas’, no feminino? Queríamos destacar a questão do gênero. E sempre ouvimos comentários sobre isso – algumas vezes positivos, outras depreciativos, perguntando se não pode ter homens trabalhando com a gente, por exemplo”, conta Renata.

 

“Felizmente ainda não tivemos nenhum grande obstáculo no mercado devido a sermos um escritório chefiado por mulheres, mas no acompanhamento de obras sempre ouvimos algum comentário pejorativo dos pedreiros, dizendo que somos muito ‘delicadas’, por exemplo”, completa. Acesse aqui depoimentos das duas profissionais à Revista Casa Cláudia sobre a representação feminina na profissão.

 

Além de atuar no escritório, Renata é professora do curso de Arquitetura e Urbanismo do FIAM-FAAM Centro Universitário, em São Paulo. Um de seus interesses de pesquisa é justamente a relação de gênero na Arquitetura. Clique aqui para ler um de seus trabalhos sobre o assunto, o artigo “Arquitetura e gênero: três projetos em Viena”, apresentado no I Congreso Internacional Barcelona Vivienda Colectiva Sostenible, em 2014, na Espanha.

 

Arquitetas já foram alvo de comentários machistas em canteiros de obras (Foto: Arquivo Pessoal)

 

= Veja mais histórias de arquitetas e urbanistas brasileiras

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