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Falece Richard Rogers, arquiteto do hight-tech e das cidades compactas

Lorde Richard Rogers, arquiteto Prêmio Pritzker de 2007, faleceu aos 88 anos no sábado, 18 de dezembro, em Londres. Entre seus projetos estão o Centro Pompidou projetado em parceria com Renzo Piano em Paris, o Lloyd´s of London,  o Millennium Dome e o Terminal 4 do Aeroporto Madri-Barajas ao lado do Estudio Lamela. Deve-se a ele também o desenvolvimento do conceito de “cidades compactas” 

 

Nascido em Florença, Itália, em 1933, Rogers e sua família se mudaram para a Inglaterra quatro anos depois. Depois de frequentar a Architectural Association em Londres, estudou na Yale University, nos Estados Unidos, onde se interessou pelas obras de Frank Lloyd Wright.

 

 

Quando retornou à Inglaterra, Rogers ao lado de Norman Foster, Susan Brumwell e Wendy Cheeseman fundaram o escritório de arquitetura Team 4, uma parceria breve, porém decisiva, que firmaria o nome de Rogers entre os expoentes da arquitetura high-tech do Reino Unido.

 

Outra associação benéfica e produtiva se deu, ainda durante a juventude de Rogers, com o colega de ofício Renzo Piano, com quem ele venceu o concurso para projetar o edifício do Centre Georges Pompidou. Era 1971 e a proposta apresentada por eles causou celeuma, especialmente pela fachada que deixava instalações, tubulações e infraestrutura à mostra.

 

Ainda assim, uma vez concluído, o irreverente centro Pompidou foi bem recebido e se tornou um cartão-postal de Paris, apreciado pela linguagem arquitetônica inteligível, ao mesmo tempo lúdica e futurista, em que sobressaem as estruturas aparentes, os materiais industriais e as cores vibrantes – traços estilísticos recorrentes na corrente high-tech.

 

 

Na elaboração do edifício do banco Lloyd’s, tempos depois, algo parecido ocorreu – e críticas à solução formal adotada pelo arquiteto, na ocasião à frente do escritório Richard Rogers Partnership, também despontaram. De novo, no entanto, a sede do Lloyd’s of London passou a ser apreciada, identificada como um marco do centro financeiro de Londres, a região da City, e ainda arrematou diversos prêmios.

 

 

A presença dessas mesmas características em um bom número de obras nas décadas subsequentes ajudou a inscrever o nome de Richard Rogers entre os mais inovadores e singulares de sua geração, ao lado de prodígios igualmente talentosos, ainda que distintos quanto a inclinações e interesses no campo da arquitetura.

 

Em 1977, Rogers formou a Richard Rogers (renomeada como Rogers Stirk Harbour + Partners) em 2007 e se tornou um dos maiores arquitetos da Grã-Bretanha nas últimas décadas em arquitetura icônica e de alta tecnologia.

 

Depois de se tornar Lorde Rogers of Riverside, o arquiteto ocupou, em 1996, um lugar na Câmara dos Lordes, a câmara alta do Parlamento britânico, nas fileiras trabalhistas.

 

Em 1998, ele foi nomeado pelo vice-primeiro-ministro para presidir a Força-Tarefa Urbana do Governo do Reino Unido, encarregado de identificar as causas do declínio urbano na Inglaterra e recomendar soluções práticas para trazer as pessoas de volta às cidades e acabar com a expansão suburbana.

 

As sugestões,  publicadas como ”Towards an Urban Renaissance” em 1999, apelaram a uma nova geração de “cidades compactas”, defendendo o aproveitamento de terrenos vazios pós-industriais para a construção de apartamentos de alta densidade, lojas e cafés, junto com o investimento em transporte público, público espaços e equipamentos públicos. Cinco anos depois, a densidade habitacional aumentou de uma média de 25 para 40 moradias por hectare, e 70% do desenvolvimento foi em terrenos vazios. Os princípios de Rogers definiriam o modelo de regeneração urbana nas próximas décadas, para melhor e para pior. 

 

Dessa jornada nasceu o seminal livro “Cities for  Small Country” , com coauoria de Anne Power, publicado em 2014. A “cidade compacta e auto-sustentável” pode, na visão de Rogers, reinstalar a cidade como o hábitat ideal para uma sociedade baseada na vida comunitária compacta” poderia ser um ambiente tão bonito e desfrutável como o campo, nas palavras de Rogers, que teve oportunidade de testar seus conceitos em Xangai, nos anos 199o” (Luiz Antonio Batista da Rocha, auditor ambiental).

 

Conforme citado pela Fundação do Prêmio Pritzker, Rogers certa vez afirmou que as cidades do futuro “não serão mais divididas como hoje em guetos isolados de uma única atividade; em vez disso, elas se parecerão com as cidades com camadas mais ricas do passado.”

 

Rogers ganhou vários prêmios, incluindo o Prêmio Pritzker em 2007, o Praemium Imperiale em 2000, a Medalha da Fundação Memorial Thomas Jefferson em 1999, o Prêmio Memorial Arnold W. Brunner em 1989 e a Medalha de Ouro Real de Arquitetura em 1985.

 

Quando foi laureado para o Prêmio Pritzker de 2007, o  júri elogiou sua combinação de “amor pela arquitetura com um profundo conhecimento de materiais e técnicas de construção. Seu fascínio pela tecnologia não é apenas para efeitos artísticos, mas mais importante, é um eco claro de um programa de construção e um meio de tornar a arquitetura mais produtiva para aqueles a quem atende. Sua defesa da eficiência energética e da sustentabilidade teve um efeito duradouro na profissão. ”

 

Fontes: ArchiDaily, Casa Vogue,  The Independent, New York Times,  RTP Notícias, The Guardiam 

 

LEIA TAMBÉM:

“Cidades não podem ter guetos, seja para negros ou pobres” (entrevista a Mauro Cesar Carvalho, Folha de S.Paulo, 2011)

“Cidades compactas podem melhorar a qualidade de vida da população urbana” (Jornal da USP, 2016)

 

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