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Grupo de Saúde Pública da UIA discute desafios para arquitetos no Brasil e no mundo

 

Debate online promovido pelo Grupo de Saúde da União Internacional de Arquitetos (UIA Public Health Group) reuniu arquitetos e especialistas dos Estados Unidos, Reino Unido, Espanha e Brasil para uma troca de conhecimentos sobre como a Arquitetura e o Urbanismo podem ajudar a resolver os desafios de saúde e do clima no século XXI. A presidente do CAU Brasil, Nadia Somekh, participou do evento trazendo os dados da realidade habitacional brasileira, o compromisso social do arquiteto brasileiro e a campanha Mais Arquitetos.

 

“Essa campanha tem o objetivo de fazer as pessoas entenderem que elas têm direito a uma moradas saudável, disse Nadia, lembrando que 85% das construções e reformas no país são feitas sem a assistência técnica de arquitetos ou engenheiros. “Existe uma tarefa muito grande à nossa frente, e a UIA2021RIO pode deixar como legado a sensibilização da população sobre a importância do trabalho dos arquitetos e urbanistas”. Ela lembrou de outras ações recentes do CAU Brasil, como a destinação de 2% da arrecadação para projetos de Assistência Técnica em Habitação de Interesse Social (ATHIS) e a Carta aos Candidatos às Eleições Municipais 2020.

 

Sobre o déficit habitacional e a inadequação de moradias, Nadia citou dados da Fundação João Pinheiro. Segundo pesquisa lançada neste ano, exoistem 14,2 milhões de moradias precárias no Brasil; 11,2 milhões com problemas de infraestrutura; e 3,6 milhões com problemas fundiários. “Questão de gênero é muito importante, mais de 60% dessas moradias inequadas são chefiadas por mulheres”, afirmou a presidente.

 

 

CRISE CLIMÁTICA E SAÚDE
Outros dados foram trazidos pelos debatedores. A Organização Mundial de Saúde calcula que 23% das mortes estão ligadas a fatores comportamentais e ambientais, e que podem ser mudados com técnicas simples. Por exemplo, a mobilidade urbana afeta diretamente a qualidade do ar, a temperatura e o barulho nas cidades. “Decisões que têm mais impacto na saúde das pessoas estão fora da área da saúde”, disse a arquiteta estadunidense Giselle Sebag. Diretora da Sociedade Internacional para a Saúde Urbana, ela citou projetos em escolas da Austrália que conseguiram aumentar o consumo de comidas saudáveis apenas mudando a disposição dos refeitórios e das estantes.

 

“Precisamos projetar prédios mais saudáveis, que tenham melhores condições de temperatura, iluminação natural, que incentive a mobilidade a pé. Parece óbvio, dizer isso, mas muitos hospitais ainda não adotam estruturas assim”, afirmou o arquiteto inglês John Cooper, especializado em projetar equipamentos de saúde. Para ele, arquitetos devem trabalhar com conhecimento baseado em evidência, aproveitando-se das pesquisas disponíveis em vários campos do conhecimento. “Isso vai tornar seus projetos e trabalhos mais úteis para a sociedade”.

 

O pesquisador Jay Maddock especializou-se em pesquisa comportamental, e trabalha em parceria com arquitetos há mais de 15 anos. Ele cita que 29% das emissões de carbono nos Estados Unidos são causadas pelos meios de transporte usados hoje em dia. “É preciso educar as pessoas de onde vêm as emissões de carbono e qual a pegada ambiental de cada um”, disse. Por exemplo, técnicas de aquecimento e isolamento térmico têm duas vezes mais potencial para reduzir as emissões de gás carbônico do que a substituição de carros a gasolina por veículos elétricos. É preciso divulgar ainda as vantagens da energia solar.

 

COLABORAÇÃO E CIDADANIA
A presidente Nadia Somekh destacou que esse tipo de trabalho colaborativo e baseado em evidências precisa ser inserido nas escolas de Arquitetura e Urbanismo. “Muitos alunos ainda sonham em ser estrelas da profissão, mas estamos precisando de arquitetos cidadãos”. O tema seguirá em discussão nos paineis do Grupo de Saúde Pública da UIA no 27º Congresso Mundial de Arquitetos (UIA2021RIO), em julho. O arquiteto brasileiro Renato da Gama-Rosa, responsável pela programação, confirmou a apresentação de 60 trabalhos e 65 posters, com a participação de arquitetos de 159 países.

 

“Pela primeira vez o Congresso Mundial de Arquitetos vai acontecer de forma virtual, mas com os mesmo conteúdos”, disse o presidente da UIA, o arquiteto estadunidense Thomas Vonier. “Isso nos dá a vantagem de alcançar mais pessoas, em eventos prepratórios já chegamos a 60.000 participantes”, disse.

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