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IAB, com apoio do CAU/BR, critica a MP que transfere desapropriações para empreiteiras

O Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB), manifestou à relatora da Comissão Mista que discute a MP 700/2015, deputada Soraya Santos, as preocupações da entidade e de cinco outras do setor da Arquitetura, entre elas o CAU/BR, quanto à proposta. A MP possibilita às empreiteiras a realização de desapropriações de utilidade pública para a execução de empreendimentos com o uso da “contratação integrada”, instrumento que dispensa o projeto nas licitações de obras públicas.

 

Em ofício à deputada, o presidente do IAB, Sérgio Magalhães, afirma que “licitação sem projeto completo resulta em obra com custo sem limite, prazo ampliado e qualidade baixa — demonstrado pelos preços dos estádios da Copa, pelas obras paradas do PAC, pela Refinaria Abreu e Lima, com custo dez vezes maior e muitas outras”.

 

“Agora, pela MP 700/15, a empreiteira contratada por Contratação Integrada (isto é, sem projeto) recebe do Estado o poder de desapropriação (Art 3º, IV). (…) No âmbito territorial, a MP 700/15 há de ter implicações a avaliar. No âmbito urbano, por certo haverá consequências políticas e sociais graves, visto o direito das populações atingíveis, pois a MP é potencialmente dirigida às favelas e áreas pobres bem situadas no contexto da cidade”.

 

Ao final da manifestação, o presidente do IAB indaga: “Como pode o governo transferir a uma empreiteira o poder de definir o que fazer com um trecho da cidade? E que isso se dê sem prévio projeto? Sem ouvir os cidadãos?”, E conclui: “De fato, o governo alienará o que não lhe pertence. A cidade é da cidadania, não é do governo”.

 

A manifestação conta com o apoio do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU BR), da  Associação Brasileira de Escritórios de Arquitetura (AsBEA), da Associação Brasileira de Arquitetos Paisagistas (ABAP), da Federação Nacional de Arquitetos e Urbanistas (FNA), da Associação Brasileira de Consultores de Engenharia (ABCE) e do Sindicato Nacional de Empresas de Arquitetura e Engenharia Consultiva (SINAENCO).

 

Clique aqui para ler o ofício na íntegra.

 

Publicado em 12/04/2016

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0 resposta

  1. Cadê o estatuto da cidade ? Cadê a função social da propriedade, do imóvel ? Cadê o papel relevante e de suma importância do Arquiteto e Urbanista, para repensar a qualificação ou requalificação de parte do tecido urbano da cidade ? Esse tipo de decisão, redunda em consequências graves para as comunidades do entorno em questão ? Onde fica a inclusão social ? Autonomia essa deliberada, sem o consenso e o aval da comunidade. Se o impacto de vizinhança for positivo trazendo melhorias e desenvolvimento, tudo bem, Parabéns. E se o retorno desse empreendimento for, nocivo a convivência e a interação com a comunidade, não perdurará por muito tempo. Vai cair, vai ruir, todo o investimento feito. E o Ministério Público, Concorda ? Empreiteiras, não possuem autonomia e nem poder, assegurados na Lei, para deliberarem ou praticarem atos de desapropriações e desocupações, sem o expresso Mandado Judicial. Isto é uma afronta, ao Plano Diretor e a autonomia do Município.

  2. É lamentável que tenhamos de assistir uma situação desta natureza. Parece que vivemos numa “terra sem dono”, onde cada um faz o que melhor lhe convém, e esta MP, homologa de vez as ocupações de terrenos ilegalmente.

  3. Prezados Colegas
    Sem análise mais criteriosa, apenas pelo conteúdo da notícia veiculada,posso afirmar, que esta MP jamais deveria estar tomando o tempo sagrado, nesta comissão, pelo simples fato, de que se já nao bastasse, obras sem autoria de projeto, que de “contratação integrada” nada possuem pelos resultados vistos.
    Não é pertinente,tratar de fato que diga respeito com as “entranhas” de cidades desplanejadas, pois os planos diretores, tomando como base o PDDUA,de POA, já tem seis anos de sua última revisão, imagino que caso esta MP, seja aprovada, não se faz necessário atualizá-lo, pois as empreiteiras decidirão aonde investir, imagino em locais mesmo sem infraestrutura,basta desapropriar. Ainda cabe questionar, como ficam os desapropriados, e os recursos.Para finalizar, a nobre deputada, desconhece para que servem os planejadores ou autores de obras que normalmente procuram equilibrar os diversos agentes que atuam em uma cidade, espera-se planejada, não desapropriada simplesmente.esta MP deve ser renumerada : 000/15.

  4. Incrível como o nosso desgoverno atrapalha o planejamento e subestima o conhecimento dos profissionais que se preocupam com a cidade e os cidadãos.

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