Começou na sexta-feira a III Conferência Nacional de Arquitetura e Urbanismo, evento online que comemora o Dia do Arquiteto e Urbanista e os 10 anos de criação do CAU, a partir da Lei 12.378/2010. Objetivo é ampliar o diálogo dos arquitetos e urbanistas com a sociedade, trazendo visões e propostas dentro do tema “Arquitetura e Urbanismo – mais do que nunca, um compromisso com a vida”.
O presidente do CAU/BR, Luciano Guimarães, lembrou o compromisso histórico da categoria com a construção de cidades saudáveis e moradias dignas. “Neste momento, os arquitetos e urbanistas veem seu papel social e ressaltado”, disse. “Vamos ouvir e debater as suas propostas”. A Conferência segue ainda nos dias 8, 10 e 15 de dezembro, quando será comemorado o Dia do Arquiteto e Urbanista. Confira programação completa no site oficial do evento (link abaixo).
Site Oficial da III Conferência de Arquitetura e Urbanismo
“Se por um lado a pandemia da covid-19 nos obrigou a realizar a 3ª edição da Conferência de forma virtual, por outro lado ampliou a sua audiência”, afirmou o presidente Luciano Guimarães. No total, mais 1.500 pessoas acompanharam a transmissão ao vivo, que contou com a apresentação do jornalista Paulo Markun.
O evento começou relembrando a fundação do CAU/BR e dos CAU/UF, que neste mês completa dez anos. Vídeos e fotos mostraram a luta de gerações de arquitetos e urbanistas pela criação de seu conselho próprio, recompensada pela promulgação da Lei 12.378/2010, que regulamenta o exercício da profissão, em dezembro de 2010.
O Brasil tem hoje mais de 200.000 arquitetos e urbanistas atuando em serviços de projetos, obras, meio ambiente, segurança do trabalho, ensino, gestão, laudos e avaliações. Foram mais de 1,6 milhão de atividades realizadas no ano passado. Esse volume de atividades e profissionais vem crescendo de forma consistente desde a criação do CAU/BR e dos CAU/UF. Nestes dez anos, ficou mais fácil e garantido exercer a profissão, por meio de uma série de normas e processos criados pelos próprios arquitetos e urbanistas.
– Sistema nacional único de registros (SICCAU)
– Tabela de Honorários clara
– Código de Ética
– Campanhas que tornam a profissão mais conhecida e reconhecida
– Proteção aos Direitos Autorais
– Ações de fiscalização
Foram relembradas ainda diversas ações em defesa da exigência de projeto completo em licitações públicas, pela preservação do patrimônio cultural, pela realização de concursos públicos, pela qualificação do ensino e com ferramentas de divulgação do trabalho dos profissionais, como o Ache um Arquiteto.
HOMENAGEM ÀS ARQUITETAS
A III Conferência Nacional de Arquitetura e Urbanismo destacou também o trabalho realizado pelas arquitetas e urbanistas, que hoje já são maioria na profissão. Estamos comemorando todos os pioneiros do CAU”, afirmou a conselheira do CAU/BR Nadia Somekh, coordenadora da Comissão Temporária de Equidade de Gênero. “Mas é necessário destacar que houve uma transformação entre os conselheiros, valorizando a questão de gênero”. Nádia lembra que, nas últimas Eleições do CAU, 51% dos conselheiros eleitos são mulheres. “Pela primeira vezes estamos dividindo com os homens a contribuição à nossa profissão. Isso faz parte de um longo trabalho de sensibilização”.
Para celebrar todas as funcionárias, conselheiras, e pioneiras que participaram da criação do CAU, estabelecendo as ações necessárias para que o conselho funcionasse, foi feita uma homenagem à arquiteta e urbanista Mirna Cortopassi Lobo, a primeira gerente-geral do CAU/BR. Mirna fez enormes contribuições à profissão, como empreendedora, professora universitária, consultora, ativista e principalmente como pioneira.
“Enquanto mulheres, sabemos que já nascemos enfrentando um mundo adverso”, disse Mirna. Ela lembrou de quando foi nomeada pró-reitora da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e ouviu um colega perguntar ao reitor se “não havia mais homens na universidade”. Mesmo com obstáculos, ela desenvolveu conhecimentos de computação, robótica e geoprocessamento para criar sistemas informatizados para a universidade, que na época ainda começava a entrar na era digital.
Muitos anos depois, esses conhecimentos foram fundamentais para a criação do Sistema de Comunicação e Informação do CAU (SICCAU), uma inovação que permite a todos os arquitetos e urbanistas registrarem seus serviços e obter certidões totalmente por meio da internet. “Quando vi o tamanho dos obstáculos que enfrentaríamos ao sair do CREA, vi que tínhamos que uniformizar diversos procedimentos que no conselho anterior eram muito difíceis e complicados”, contou.
Conselheira eleita do CAU/PR para o mandato 2021-2023, Mirna destacou a coragem de muitas de suas colegas arquitetas e urbanistas. “Ainda passamos diversas situações de discriminação, imagine quando se agrega isso a cor da pela, a situação de vulnerabilidade de muitas mulheres”, afirmou. “Nós temos que acreditar que ainda existe um sonho que nós temos que perseguir”.
CAU EDUCA
O evento contou com o lançamento do edital do Concurso Público para a escolha de propostas de ações de valorização da Arquitetura e Urbanismo no ensino fundamental das escolas. As propostas vencedoras integrarão o programa CAU Educa de educação continuada a longo prazo, que visa a construção de uma consciência urbana e ambiental a partir da educação infantil. “É necessário que a população se familiarize e se conscientize com as questões urbanas”, disse a conselheira do CAU/BR Josélia Alves, coordenadora da Comissão de Política Urbana e Ambiental (CPUA) do CAU/BR.
Pesquisa do CAU/BR, realizada em parceria com Pistache Editorial, junto a educadores de todo o Brasil, revelou que 95% dos entrevistados têm interesse em introduzir a temáticas de arquitetura e urbanismo no ensino fundamental. Pouco mais da metade dos entrevistados, inclusive, já tratou desses temas em sala de aula. Muitos destacaram a necessidade de se trazer arquitetos e urbanistas para abordar o assunto nas escolas.
O edital foi lançado em um novo hotsite, o CAU Educa, que traz todas as informações da seleção pública e do trabalho realizado pela CPUA-CAU/BR desde 2018. A conselheira Josélia Alves afirmou que as propostas vencedoras serão divulgadas durante o 27º Congresso Mundial de Arquitetos (UIA2021RIO), que acontecerá em julho do ano que vem no Rio de Janeiro.
DOCUMENTÁRIO HABITAÇÃO SOCIAL
As ações de Assistência Técnica em Habitação de Interesse Social (ATHIS) promovidas pelo CAU/BR e pelos CAU/UF não poderiam ficar de fora da III Conferência. O documentário “Habitação Social: uma questão de Saúde Pública”, produzido por iniciativa da Comissão de Política Profissional (CPP) do CAU/BR, foi lançado ao final do evento. “Foram mais de dois anos entre a ideia e o produto final. Com a pandemia no meio disso tudo, sentimos a necessidade de alterar o roteiro para dar ênfase à Arquitetura e Urbanismo como questão de saúde pública”, disse a conselheira Josemée Lima, coordenadora da CPP.
Veja o documentário “Habitação Social: uma questão de Saúde Pública”
Josemée destacou que todos têm direito a uma casa saudável. “Com esse documentário, queremos levar essa mensagem para além dos arquitetos e urbanistas. Queremos chegar nos gestores públicos, nos locai que abrigam as populações mais vulneráveis, e também nas escolas de Arquitetura e Urbanismo”, afirmou. Com foco nos problemas enfrentados por famílias que vivem em assentamentos precários, situação agravada pela pandemia da covid-19, o filme apresenta possibilidades de transformação desse quadro, a partir do reconhecimento do papel do arquiteto e urbanista e da valorização de seus conhecimentos e habilidades.
O documentário está disponível no canal do CAU/BR no YouTube e será exibido em 16 de dezembro, às 22h30, na TV Cultura de São Paulo – canal aberto – como parte das comemorações do Dia do Arquiteto e Urbanista – 15 de dezembro.
No final do evento, o presidente Luciano Guimarães destacou colaboração dos CAU/UF nas iniciativas de Assistência Técnica em Habitação de Interesse Social e agora com o CAU Educa. “CAU/BR e CAU/UF estão fazendo um esforço muito grande, em cada um dos estados e com as prefeituras, para mostrar a importância da Arquitetura e Urbanismo na saúde das pessoas”, afirmou. “Não é só a habitação, mas todo o conjunto dos espaços e equipamentos públicos que são condições para a melhoria da qualidade de vida da população. Como demonstrado pela pandemia, se o espaço não for saudável para todos, não será para ninguém.”
