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UIA2021RIO: debate aborda novas propostas para o ensino e a prática da Arquitetura

A Live da Semana Diversidade e Mistura do UIA2021RIO, nesta quinta-feira, 22 de abril, cumpriu à risca sua missão de consolidar os principais tópicos dos três debates precedentes e extrair propostas. Juntos, os arquitetos Marcelo Ferraz, Gabriela de Matos, Kristine Stiphany e Igor de Vetyemy, na moderação, cruzaram as experiências trazidas por todos os outros debatedores participantes da Semana Aberta e também responderam perguntas enviadas pelo público. Para promover ainda maior interatividade, a live dessa vez ocorreu com o público dentro da plataforma Zoom.

 

 

Gabriela de Matos, de São Paulo, criadora do projeto Arquitetas Negras, deu a largada comentando que a diversidade representa a riqueza cultural e as múltiplas possibilidades de se viver, e que, no entanto, a Arquitetura ainda é um campo resistente, com dificuldades para abarcar as diferentes formas do fazer arquitetônico. Ela destacou que existem, por exemplo, diferentes e variadas arquiteturas brasileiras e que muitas – como a indígena e a afrobrasileira – são invisibilizadas.

 

Gabriela mencionou duas arquitetas que, para ela, representam novas formas de fazer arquitetura: Vilma Patrícia, de Salvador (BA), que desenvolve projetos e presta assistência técnica para terreiros de candomblé, tendo criado uma metodologia específica para isso; e Ester Carro, que transformou um lixão em um parque na comunidade onde mora em São Paulo e inaugurou uma gestão comunitária do território.

Pesquisadora e professora da Texas Tech University (EUA), Kristine Stiphany prosseguiu no tema, comentando de suas experiências em favelas no Brasil e da importância do envolvimento com a comunidade e do compartilhamento dos conhecimentos da Arquitetura. “Um bom projeto não é suficiente para lidarmos com problemas estruturais”, disse, mas a Arquitetura pode ser mais que isso, “pode funcionar como uma ferramenta para avançarmos em uma nova agenda”.

 

 

Marcelo Ferraz, do escritório Brasil Arquitetura e também professor e escritor, reforçou essa ideia dizendo que a “grande luta – contra a desigualdade – é uma luta política e a arquitetura pode contribuir”. Ele pontuou que projetos pequenos, por vezes invisíveis, têm impacto local e são capazes de alterar realidades e mencionou um trabalho feito para melhoria das instalações do terreiro Casa de Oxumaré, em Salvador (BA): “tornou-se uma ação urbanística para a preservação de encostas”.

 

 

O arquiteto também fez referência aos trabalhos da Escola de Talca, apresentados por Juan Román, no debate Globalidade e Singularidade: “são projetos que atendem às comunidades. Seria importante que essas ações se multiplicassem, ganhassem escala. Se pensarmos dessa forma, veremos que há muito trabalho para os arquitetos nos próximos 50 anos. Os jovens devem estar atentos a isso; devem ser educados para terem esse olhar”.

Foi, então, que Igor de Vetyemy, presidente do IAB-RJ, reunindo questões do público, conduziu o debate para a questão do ensino e da formação do arquiteto. Gabriela de Matos foi enfática: “se entendemos a arquitetura como uma ferramenta para a transformação cabe a nós, professores, levarmos isso para a sala de aula. Os currículos não podem ficar intocados se o contexto muda a cada dia”. E, acrescentou que os estudantes também devem ser propositivos, organizarem-se, articularem-se em redes.

 

 

Kristine comentou que, por vezes, as universidades até lançam iniciativas que aproximam os alunos da realidade e criam uma prática alternativa, mas não chegam a fazer mudanças estruturais no ensino. Ela lembrou de quando estudantes foram levados a Nova Orleans para ajudar na reconstrução da cidade após o furacão Katrina – “foi uma ação pontual” – e também citou o movimento Black Lives Matter que “poderia trazer uma mudança na orientação pedagógica global”. Kristine destacou ainda o que, para ela, é essencial à arquitetura: a proximidade, a inserção do profissional no contexto. E lembrou que o seu laboratório – o CHAPA Civic Data Lab – estuda residências informais “de dentro para fora” e faz um acompanhamento local por um determinado tempo.

Nessa linha de pensamento, Marcelo Ferraz defendeu a proposta do “arquiteto residente”, que seria o equivalente a um médico da família, aquele que conhece e acompanha seus pacientes. “Se não for assim, todo o nosso conhecimento em arquitetura não servirá para nada; porque a cidade continuará crescendo à revelia dele”.

Para assistir a íntegra da Live da Semana Diversidade e Mistura, acesse:
https://aberto.uia2021rio.archi/semana-aberta-uia2021rio/live-da-semanadiversidade-e-mistura/

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