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Leilão do Palácio Capanema é “um atestado de ignorância”, diz filha de Lucio Costa

 

Em texto publicado nas redes sociais, com o título “INACREDITÁVEL”, a arquiteta Maria Elisa Costa, filha de Lucio Costa, mostra-se indignada com a informação de que Palácio Capanema, no Rio, projetado por seu pai e equipe nos anos 30 do século passado. Na mesma linha, manifestou-se Lauro Cavalcanti, diretor da Casa Roberto Marinho: “Pensei que fosse piada. É como se Roma resolver vender o Coliseu”.

 

A venda de imóvel público tombado é ilegal, como mostra nota conjunta do CAU Brasil, do CAU RJ, do IAB RJ e outras oito entidades divulgadas em 13 de agosto, mesma data da publicação pelo jornal “Valor Econômico” da notícia do leilão do imóvel, em “feirão” a ser promovido pelo governo federal em 27 de agosto, por iniciativa do Ministério da Economia, em meio a 2.263 imóveis, com o objetivo de fazer caixa. A Lei 25, de 1937, só permite a transferência de um órgão público para outro.

 

“Construído para sediar o Ministério da Educação e Saúde, criado pelo ministro Gustavo Capanema, o edifício foi um marco definitivo na consolidação da arquitetura moderna não apenas no Brasil, mas NO MUNDO”, afirmou Maria Elisa, em sua publicação no mesmo dia.

“Ignorar este fato é um atestado de ignorância que O BRASIL NÃO MERECE. Como afirma Lucio Costa num vídeo: “Nós não somos medíocres, não temos vocação para a mediocridade”.  VEJA VÍDEO ABAIXO.

 

“Não é possível que o mesmo país precursor, que construiu o “Ministério” nos anos 30, admita a possibilidade de destruí-lo hoje! TRISTE BRASIL, OH QUÃO DESSEMELHANTE!!!”.

 

 

No dia 15 de agosto, Maria Elisa Costa, em nova postagem, perguntou:  SERÁ QUE A UNESCO ESTÁ SABENDO QUE ESTÃO QUERENDO VENDER PRA PARTICULARES O PALÁCIO CAPANEMA? OU SEJA, O NOSSO QUERIDO”MINISTÉRIO?. Ela se refere ao fato do prédio ter sido um dos destaques para a nomeação do Rio de Janeiro como Capital Mundial da Arquitetura em 2020 e por estar incluso na Lista Indicativa do Brasil, desde 1996, ao reconhecimento como Patrimônio Mundial pela UNESCO.

 

A equipe de projeto liderada por Lucio Costa foi composta inicialmente por Jorge Machado Moreira, Affonso Eduardo Reidy e Carlos Leão, e depois por Ernani Vasconcellos e por   Oscar Niemeyer. A equipe de arquitetos contou com a consultoria Le Corbusier, apontado como mestre da arquitetura moderna.

 

A indignação da arquiteta foi noticiada pela Folha de S.Paulo em 15 de agosto. No mesmo dia, a coluna de Bernardo Mello Franco, em “O Globo”, lembrou que nos últimos sete anos a União investiu R$ 100 milhões na restauração do prédio. Ele lembra que atualmente o Palácio Capanema abriga uma biblioteca pública, uma sala de espetáculos, parte do acervo da Biblioteca Nacional e as superintendências de órgãos culturais.

 

“Se por hipótese a venda ocorrer de fato, superando os fatores ilegais,  arquiteto e antropólogo Lauro Cavalcanti, diretor da Casa Roberto Marinho.  afirma que o fato  agravaria o esvaziamento do Rio, iniciado com a transferência da capital federal para Brasília. “O prédio é uma atração turística internacional, não se trata de nostalgia, e sim de valorizar o que a cidade tem de melhor”.

 

Vender o Capanema, diz ele, seria o símbolo final do desmonte da estrutura pública de apoio à cultura, iniciada com a extinção do Ministério da Cultura.

 

O ex-ministro Juca Ferreira criticou a incapacidade do atual governo de compreender a importância histórica e arquitetônica de um edifício.

 

Na foto de destaque: Maria Elisa Costa, ao lado de seu pai, Lúcio Costa, e de sua filha, a designer e fotógrafa Julieta Sobral, mãe das três bisnetas de Lúcio Costa – Clara, Júlia e Sofia (Fonte: Vitruvius 2004)

 

 

Veja mais: Plantão Palácio Capanema: siga as últimas notícias sobre o risco de venda do edifício

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