ARQUITETURA SOCIAL

Live destaca o desafio dos arquitetos na transformação dos territórios nas favelas

A terceira live da série Moradia digna é um direito de todo brasileiro, que foi ao ar no dia 24 de junho, trouxe convidados especiais para falar sobre a relação com a moradia e o território. A conselheira do CAU Brasil Maíra Rocha conversou com Nathaly Dias (Blogueira de Baixa Renda), Rene Silva (@avozdascomunidades) e a arquiteta Claudia Pires.

 

A conselheira Maíra Rocha abriu a conversa trazendo dados sobre as condições de moradia nas favelas brasileiras, que concentram mais de 5 milhões de domicílios, segundo dados do IBGE. Aproximadamente 16 milhões de pessoas vivem nestes locais, de acordo com a pesquisa Datafavela (parceria do Instituto Locomotiva e Central Unica de Favelas (CUFA). Ainda conforme a pesquisa, mais de 70% das famílias passaram a sobreviver com menos da metade da renda original.

 

 

 

Antes de se tornar autora de um perfil com mais de 200 mil seguidores, Nathaly Dias viveu sucessivas histórias de moradia precária. Como tantas famílias, a sua também veio do interior da Paraíba em busca de trabalho e, para sustentar o sonho da vida na cidade grande, viveu em residências inseguras e sem salubridade. Aos poucos, ela, a mãe e o irmão foram conquistando espaços mais adequados para viver no Morro do Banco, no Rio de Janeiro, cenário que inspira os conteúdos produzidos pela blogueira. A ascensão na carreira e a prosperidade financeira conduzem a família, aos poucos para a aquisição da moradia própria. “Eu sou uma sonhadora da casa própria. É muito importante pra mim falar sobre isso por que vim de uma ascensão de moradia. Eu vivi na pele esses problemas e sei como afeta a vida das pessoas”, contou.

 

Uma das vozes mais representativas do Complexo do Alemão, Rene Silva foi listado pela revista Forbes como um dos jovens brasileiros mais influentes em 2015. Em 2018, o criador do projeto Voz das Comunidades também foi apontado como um dos cem negros mais influentes do mundo pela organização norte americana Most Influential People of African Descent (MIPAD). Com apenas 27 anos, Renê já fez história contando histórias no Morro do Adeus, favela que faz parte do Complexo do Alemão. Aos onze, começou a produzir notícias sobre sua comunidade no jornal da escola e virou referência de informação. Criou, então, o canal @vozesdacomunidade nas redes sociais, por onde acompanha o cotidiano da favela. Neste período, monitorou o processo de urbanização do território provocado a partir do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), realizado pelo Governo Federal a partir de 2007. Seu trabalho jornalístico procura trazer visibilidade para as questões que interessam aos moradores e que não são abordadas pela grande mídia. “Um esgoto a céu aberto no Leblon é pauta, mas vinte no Complexo do Alemão não sai em lugar nos jornais”, exemplificou.

 

Quando a pandemia se abateu pelo país e de forma ainda mais violenta sobre a população pobre em condições precárias de moradia, Claudia Pires propôs uma estratégia organizada aos colegas arquitetos: a ação focada na realização da ATHIS em cada um dos 5.700 municípios brasileiros. Formou-se, então, a Rede Arquitetos por moradia, que mobiliza ações em prol do pleno acesso a moradia nas cidades brasileiras até 2030, em sintonia com as metas dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU. “Os Arquitetos por Moradia tem um papel muito importante que é a militância pelo direito à cidade e pela reforma urbana. A questão que está colocada pra nós é como a gente vai ajudar na transformação desses territórios”, afirmou Claudia.

 

Em paralelo à ação política, a arquiteta, que ao longo de mais de duas décadas de carreira empreendeu ações voltadas a moradias para população de baixa renda, também fomenta projetos que possibilitam a solução imediata de problemas de moradia. Um destes projetos é o Arquiteto da favela, criado em parceria com um estudante de arquitetura, morador da favela da Providência, no Rio de Janeiro. O projeto busca apoio institucional e financeiro para criar um escritório de arquitetura na comunidade voltado a atender as necessidades dos moradores. “A fé sem obra é morta. Não dá pra querer a transformação social sem exercer seu papel político. E o papel político do arquiteto é intervir nesta realidade”, disse a arquiteta.

 

Assista à transmissão pelo Facebook: https://www.facebook.com/caubr/videos/562882161392815

 

A última live da série Moradia digna é um direito de todo brasileiro acontece na próxima quinta-feira, 30 de junho, a partir das 19h. A conselheira federal do CAU Brasil pelo estado de Rondônia Ana Cristina Barreiros entrevistará a influenciadora digital Verônica Oliveira, do perfil @faxinaboa, e a arquiteta e urbanista Mariana Estevão (@mariana.estevao e @solucoesurbanas).

 

 

Saiba mais sobre a campanha Mais Arquitetos

 

A Campanha Mais Arquitetos entende a defesa da implementação da Assistência Técnica em Habitação de Interesse Social como prioridade absoluta em tempos de pandemia. Para promover esta cultura, procura abranger tanto arquitetos e urbanistas quanto gestores públicos e moradores de comunidades que necessitam de melhorias em suas habitações.

 

O site apresenta o Mapa da Arquitetura Social no Brasil, uma ferramenta à disposição da sociedade que permite localizar as cidades que contam com leis municipais que preveem programas de assistência técnica pública e gratuita.

 

Saiba mais no hotsite https://caubr.gov.br/moradiadigna/

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