Sustentabilidade

Livro reúne pesquisa sobre arquiteturas e tecnologias indígenas em Mato Grosso

O Núcleo de Estudos e Pesquisas em Tecnologias Indígenas, o Tecnoíndia –  criado pelo professor da UFMT José Afonso Botura Portocarrero, arquiteto com doutorado pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, conselheiro federal do CAU Brasil pelo Mato Grosso,  e pela antropóloga  aposentada pela UFMT Maria Fátima Roberto Machado, doutora pelo Museu Nacional, da Universidade Federal do Rio de Janeiro – está lançando uma nova obra, reunindo artigos produzidos ao longo de 20 anos de pesquisa e ensino sobre tecnologias e arquitetura indígenas em Mato Grosso.

 

Vinculado ao Departamento de Arquitetura e Urbanismo da UFMT, o Núcleo é coordenado pela professora Dorcas Araújo, chefe do Departamento, que também assina a obra como organizadora, e conta com mais 7 autores, entre professores como Ricardo Castor, professor-doutor pela USP, e Yara Galdino, professora-doutora pela UFRJ, e alunos da graduação e pós-graduação. Um belo e comovente depoimento de um índio Bakairi arquiteto, Jucimar Ipaikire, primeiro indígena arquiteto do Brasil e colaborador do Núcleo, fecha ricamente as contribuições do livro.

 

“Nosso livro não fala pelos outros, não representa os outros. Nós falamos por nós mesmos, procurando exercer o diálogo transdisciplinar, em uma universidade pública, em campos científicos que não perdem a sua identidade e são capazes de fazer contribuições coletivas, através do saber acumulado, refletido e renovado. Ele é um olhar sobre a capacidade dos povos indígenas de produzir conhecimento, de produzir tecnologia, expressa no valor arquitetônico das suas habitações.”, pontua a antropóloga Maria Fátima R. Machado, lembrando que o livro é uma tentativa de ir além dos discursos vazios de inclusão, “que muitas vezes não fazem mais do que enfraquecer as vitórias que temos a obrigação de preservar e de levar adiante”.  Ela abre os capítulos com o artigo “O grande cerco à casa ancestral”, um trabalho que reflete tanto sobre as disputas coloniais em Mato Grosso desde o século 18 até o futuro da “arquitetura sem arquitetos”.

 

 Baixe aqui as 30 primeiras páginas e tenha acesso à apresentação da obra.

 

Trabalho de campo. Fonte: Acervo Tecnoíndia

 

São 10 capítulos compostos por artigos que vão da arquitetura e antropologia às artes e à comunicação. A editora Entrelinhas já publicou outros trabalhos de membros do Núcleo: o já clássico “Tecnologias Indígenas em Mato Grosso: Habitação”, em sua segunda edição e uma primeira edição bilíngue, do professor José Afonso Botura Portocarrero, e duas obras da professora Maria Fátima R. Machado: “Museu Rondon. Antropologia e Indigenismo na Universidade da Selva”, que é o resultado do seu pós-doutorado pelo Museu Nacional, e “Diversidade Sociocultural em Mato Grosso”, organizadora da coletânea e coautora.

 

“Esperamos que os caminhos da pesquisa continuem a nos aproximar, estabelecendo relações e fortalecendo parcerias a partir das nossas diferenças e entendimentos comuns. Esse é o desafio ao longo da trajetória do Núcleo Tecnoíndia, o de estarmos todos juntos: povos indígenas, pesquisadores de todas as áreas e a sociedade brasileira, afirma o professor Portocarrero, um dos arquitetos mais respeitados e reconhecidos de Mato Grosso.

 

Interior do Centro Sebrae de Sustentabilidade. Foto: Yasmin Farias

 

O Núcleo de Estudos e Pesquisas teve sua origem em 2002, com as pesquisas de seus fundadores, vencedores de um edital público do Ministério da Saúde para as unidades de saúde indígena, inspiradas “nas primeiras casas brasileiras”, as casas indígenas. Desde então, o Núcleo vem acumulando experiências que resultaram em obras arquitetônicas em contexto urbano, apresentações em congressos e publicações nacionais e internacionais, além da disciplina sobre tecnologias indígenas, no currículo do Departamento de Arquitetura da UFMT, uma iniciativa pioneira no Brasil. As redes sociais do Núcleo são uma experiência de divulgação científica a elas adaptadas.

 

“Tecnoíndia: Arquitetura, antropologia e tecnologias indígenas em Mato Grosso” terá exemplares disponíveis para doação no caso de bibliotecas públicas e instituições de ensino, pesquisa e associações indígenas. Aos interessados, o contato pode ser feito através do e-mail [email protected], pela página do Facebook ou pelo Instagram @tecnoindia.arq.

 

Para pessoas físicas, o livro estará à venda no site da editora Entrelinhas. Baixe aqui as 30 primeiras páginas e tenha acesso à apresentação da obra.

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