PELA PRESERVAÇÃO DO TEATRO OFICINA E DE SEU ENTORNO
O Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB), o Comitê Brasileiro do Conselho Internacional de Monumentos e Sítios (Icomos Brasil), a Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo (Anparq), a seção brasileira do Comitê Internacional para Documentação e Conservação de Edifícios, Sítios e Bairros do Movimento Moderno (Docomomo Brasil) e o Instituto Lina Bo e P.M. Bardi registram grande preocupação com a notícia, recentemente divulgada pela imprensa, da aprovação pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo (CONDEPHAAT) de um projeto de construção de um conjunto de torres no entorno imediato do Teatro Oficina, situado no bairro do Bixiga, na cidade de São Paulo.
O edifício do Teatro Oficina é resultado de sucessivas intervenções realizadas por prestigiados arquitetos brasileiros, como Lina Bo Bardi, Edson Elito, Joaquim Guedes, Flávio Império e Rodrigo Lefebvre. Os dois primeiros foram os responsáveis pela última grande intervenção, concluída em 1993 e que contou com concepção cênica do ator e diretor José Celso Martinez Correa.
Considerado pelo diário inglês The Guardian “o melhor e mais intenso teatro do mundo”, o Teatro Oficina ultrapassa os limites das suas paredes externas, através da abertura proporcionada pelo seu teto móvel e pelo “janelão” que permite que a ambiência urbana do Bixiga invada o seu espaço interno, estabelecendo uma relação singular entre o teatro e a cidade. Neste sentido, o vazio existente ao lado do “janelão”, no terreno lindeiro, é parte indissociável do valor arquitetônico do teatro, ao permitir que o mesmo funcione como concebido, constituindo, assim, um dos seus atributos centrais.
O reconhecimento dos valores culturais do edifício levou ao seu tombamento nas três esferas de governo: municipal, pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico – CONPRESP (Res. 05/91 e 22/02 da Bela Vista); estadual, pelo CONDEPHAAT, que o considerou “elemento de suma importância para a documentação do surto de pesquisas de linguagem teatral que influencia até hoje o teatro moderno no Brasil” (Resolução 06/1983); e federal, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN, que o inscreveu nos Livros de Tombo Histórico e das Belas Artes.
Na sua última reunião, realizada no dia 23 de outubro, o CONDEPHAAT acatou o recurso da construtora SISAN de reversão da decisão anterior do mesmo Conselho, que havia reprovado o projeto de construção de duas torres residenciais em um terreno vago contíguo ao teatro.
A construção das torres nesse terreno descaracterizará de forma violenta e irreversível o bem tombado, que, pela enorme importância que tem para a cultura nacional, foi protegido pelo instituto do tombamento pelas três instâncias governamentais.
Esperamos que o IPHAN, que ainda analisará o projeto em questão, compreenda o impacto que essas construções terão no bem tombado, prejudicando a singular relação entre o teatro e seu entorno. Neste sentido, solicitamos que este caso, pela sua importância e caráter exemplar, seja encaminhado para a apreciação do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural do
IPHAN.
Veja em PDF: Pela preservação do Teatro Oficina e de seu entorno
7 respostas
SALVE O TEATRO OFICINA!!!
A questão não são as torres, mas o projeto.
Por que não apresentam um projeto arquitetônico que inclua (e não exclua) o projeto arquitetônico de Lina Bo Bardi & Edson Elito- já tombado como patrimônio histórico?
É lamentável a estreiteza de visão dos empreendedores e do chefe atual do poder executivo, em não entender a importância de se qualificar a área de outra forma menos agressiva, em desconhecer instrumentos (como a transferência de potencial construtivo e outros) que poderiam viabilizar investimentos sem descaracterizar nosso patrimônio cultural. E lamentável ainda que existam apoiadores que apelam para o “qualquer coisa é melhor que nada”, como se não fosse possível nenhuma solução além desse absurdo que estão propondo.
Não se trata de um Manifesto do IAB, mas de diversas entidades entre as quais o ICOMOS, o Docomomo, entre outras..Solicito que seja feita a correção no título da matéria.
Por um projeto inteligente e necessário para o Centro, para o entorno do Teatro Oficina. Abaixo a burrice, o imediatismo da especulação imobiliária.
Salve o Teatro Oficina. Abaixo a estupidez, burrice e especulação imobiliária. A cidade e o Centro merecem uso mais inteligente para o entorno do Oficina.
Sou morador do bairro a mais de 20 anos e a construção destas torres não vai prejudicar o bairro e muito menos descaracterizar o teatro oficina, quem usa este argumento não conhece o bairro e nem esta edificação. Lamento a falta de informações de tal afirmação. Hoje o entorno do teatro é um grande terreno vazio, terreno este que tem um proprietário e conforme a constituição o proprietário tem o direito de construir nele, desde que respeite a legislação vigente. Chega de mimimi, as torres serão construídas sim e esta parte do centro de São Paulo enfim vai alcançar o progresso merecido.
Viva o Grupo Silvio Santos!!! #LIBERAASTORRES #GRUPOSILVIOSANTOS #PROGRESSOPRABELAVISTA
Com licença sr Paulo Sérgio está nítido no seu comentário que quem é desinformado é vc, pois qq pessoa dotada de bom senso percebe o encaixotamento e a sufocação do teatro, a superpopulação da área, a sobrecarga do trânsito em ruas despreparadas entre outros problemas de impáctos ambientais caso as torres fossem construídas. Luz para ti.
O CONDEPHAAT nos traiu, traíras!!!
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