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Mês da Mulher: Arquitetas e urbanistas debatem lideranças femininas na profissão

 

 

Debate realizado pelo Museu da Casa Brasileira em parceria com a revista ArqXP reuniu três arquitetas e urbanistas em posições de liderança: Nádia Somekh, presidente do CAU Brasil; Maria Elisa Baptista, presidente da Direção Nacional do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB); e Angélica Benatti Alvim, diretora da FAU Mackenzie. Elas falaram sobre a maior presença de mulheres em posições de lideranças, questões ligadas ao ensino e formação, e sobre a criação de uma “força-tarefa” para levar serviços de assistência técnica para a população que mora em habitações precárias.

 

“Gestão feminina traz outra forma de resultado. Nós exigimos menos protagonismo, damos crédito umas às outras, cuidamos de ter espaço pra todo mundo, trabalhamos horizontalmente”, afirmou a presidente do CAU Brasil. “É importante que os homens percebam que não queremos excluí-los. A gente quer ser incluída”. Nadia Somekh elencou as ações do Conselho em defesa da igualdade: elaboração do Diagnóstico de Desigualdade de Gênero, o hotsite Equidade na Arquitetura e Urbanismo, a criação do Dia Nacional da Mulher Arquiteta e Urbanista e o lançamento do 2º Ciclo de Debates Cidades Inclusivas para Mulheres.

 

“As mulheres estão acordando. Eu mesma não percebia o quanto o machismo grassava na nossa profissão. Antes eu naturalizava. Mas vimos que agora chega. Foi uma vitória a Comissão de Equidade de Gênero no CAU Brasil”, afirmou. Nadia lembrou ainda das mulheres chefes de família que sofrem com a pandemia. “É preciso que a gente sensibilize essas mulheres para que a saúde da sua família possa ser alcançada por projetos de arquitetos e arquitetas”.

 


 

FORÇA-TAREFA PELA ASSISTÊNCIA TÉCNICA
Para a presidente do CAU Brasil, o país precisa de aumento de escala de projetos para melhorar a vida da população. Essa é a minha missão no CAU Brasil. Segundo o arquiteto Sergio Magalhães, temos 40 milhões de domicílios para serem construídas nas próximas décadas. Vamos construir sem arquiteto, sem engenheiro, sem projeto? Ou vamos construir com sustentabilidade, com adequação e com a população mais saudável?”

 

Nadia convocou entidades, escolas e profissionais a se juntarem em uma “cruzada” pela Assistência Técnica em Habitação de Interesse Social. “Os arquitetos têm que se empenhar nessa perspectiva de convencer e sensibilizar a população de que o nosso trabalho é muito importante”. A presidente nacional do IAB, Maria Elisa Baptista, concordou. “Essa força-tarefa, com direcionamento para a assistência técnica, direcionando a formação para essas obras que precisamos fazer, nos mostra que temos caminhos pela frente”.

 

Maria Elisa acredita que a sociedade precisa buscar novas maneiras de se relacionar, e que as mulheres têm muito a contribuir nesse sentido. “Nós mulheres pensamos racionalmente, mas também pensamos razoavelmente. Pensar racionalmente é pensar nas coisas, pensar razoavelmente é pensar nas pessoas”, disse. “O mundo é organizado de uma maneira masculina, apoiado no lucro rápido, na negligência, na prepotência, na violência. Quanto mais reflito na nossa postura feminista, vejo que temos que contrapor esse modo com outro modo.”

 

ENSINO E FORMAÇÃO
Diretora da FAU Mackenzie, Angélica Benatti Alvim acredita que é preciso pensar o trabalho das arquitetas e urbanistas para além do projeto, canteiro de obras e liderando equipes. “É preciso pensar em mutirão, assistência técnica, processos em que a mulher passa a ser protagonista da construção. Mulheres são a maioria entre chefes de família, e isso deve ser parte da formação de arquitetas e arquitetos”, afirmou. “Cada vez mais temos que formar arquitetas e arquitetos para enfrentar o mundo diverso dessa profissão, e que permita mulheres e homens trabalharem de forma coletiva e horizontal.”

 

Angélica também falou sobre a desigualdade de gênero nas escolas de Arquitetura e Urbanismo. “Entre os professores do Mackenzie, éramos 65% homens e 35% mulheres, enquanto entre os alunos essa relação era inverso: 74% eram mulheres e 25% homens. Hoje as mulheres têm uma liderança frente à formação. 70% dos coordenadores de curso são mulheres. Mas isso não se reflete na sala de aula e nos escritórios de Arquitetura.”

 

Ao final, o arquiteto e urbanista Gustavo Curcio, mediador do evento, pediu que as três participantes citassem uma arquiteta e urbanista que lhes servisse de inspiração. Nadia citou a arquiteta Mayumi Watanabe de Souza Lima, reconhecida por seu trabalho na teoria, planejamento e desenvolvimento de espaços educativos públicos e por sua coordenação das obras do Museu de Arte de São Paulo. “Ela me deu esperança, que precisamos nesse tempo de pandemia”, disse. Maria Elisa citou Lina Bo Bardi, “pelos desenhos tão cheios de vida”. Para Angélica, a maior inspiração foi Rosa Kliass, fundadora da Associação Brasileira de Arquitetos Paisagistas (ABAP) e a primeira mulher a receber o Colar de Ouro do IAB, premiação máxima da entidade.

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