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Mudança no modelo econômico pode fortalecer o mercado da arquitetura e urbanismo

A primeira mesa redonda do VIII Seminário Legislativo de Arquitetura e Urbanismo nesta terça, 26 de outubro, tratou da “Conjuntura Global e a Ampliação do Trabalho para Arquitetura e Urbanismo” e procurou oferecer contexto ao tema. A partir do cenário de pós pandemia Covid-19, especialistas foram convidados a avaliar possibilidades de atuação do arquiteto e urbanista como produtor do espaço das cidades.

 

O palestrante convidado a compor este cenário foi o economista Ladislau Dowbor, consultor de agências da Nações Unidas. Segundo Dowbor, o mundo enfrenta uma crise civilizatória, provocada pela avançada destruição ambiental, explosão da desigualdade social, caos financeiro e desagregação das democracias. Citando o teórico da administração, Peter Drucker, que afirma que “não haverá empresa saudável numa sociedade doente”, o economista defendeu uma mudança sistêmica. Segundo o palestrante, todas as áreas do conhecimento precisam fortalecer o seu vínculo com as necessidades básicas das populações. “Temos que buscar uma sociedade economicamente viável, mas também socialmente justa e ambientalmente sustentável”, afirmou.

 

 

É desta mudança, na opinião do palestrante, que dependem também os mercados profissionais como a arquitetura. “No país que é um dos maiores exportadores mundiais de alimento, 19 milhões das pessoas passam fome. Dentre estas, 5 milhões de crianças. Reduzindo moderadamente a desigualdade, dá para todo mundo viver de maneira digna e confortável, e é assim que é possível ter mercado para a construção, por exemplo. Não é possivel resolver o problema num setor apenas”, disse Ladislau Dowbor.

 

Mediador do debate, o deputado Joaquim Passarinho (PSD-PA) concordou que é necessário reinventar a economia. “É trocando ideias, fazendo seminários como este e aprendendo com experiências bem-sucedidas que vamos chegar a um denominador comum”, disse. O parlamentar, que também é arquiteto, colocou o mandato à disposição das pautas pela valorização profissional. “O arquiteto é visto como profissional de luxo. Estes seminários são bons para que a gente possa trazer os debates para dentro do poder legislativo e fazer leis entendendo a importância do arquiteto na formulação de projetos e dos espaços públicos. Assim, podemos ter cidades com maior qualidade de vida”, disse.

 

 

O representante da Associação Brasileira de Escritórios de Arquitetura (ASBEA), Márcio Carvalho, resgatou a função do arquiteto como agente que tem a tarefa de qualificar a paisagem da cidade em todas as escalas. Balizado em dados para compor um perfil dos profissionais da arquitetura, o arquiteto solicitou apoio para fortalecer a autonomia profissional. “Apenas 7% dos arquitetos são funcionários no regime CLT. A partir do momento em que nossa profissão é formada majoritariamente por profissionais liberais, há a necessidade do apoio do legislador para criar mecanismos para que estes profissionais tenham condições de exercício pleno da sua profissão”, afirmou.

 

Márcio Carvalho

 

O Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB) foi representado, no debate, pelo arquiteto Lessa Golignac, integrante do Fórum de Assessoria Técnica Popular do Nordeste. Lessa frisou o desafio habitacional imposto pela pandemia para grande parte da população, retrato da baixa aplicação da Lei da Assistência Técnica para Habitação de Interesse Social. “Territórios mais pobres com condições de habitabilidade mais precários são locais onde se visualiza uma taxa de mortalidade mais alta em função da covid-19”, lembrou o arquiteto. Ele defendeu que as políticas habitacionais para população de baixa renda previstas na Lei 11.888/2008 ganhem patamar equivalente ao Programa de Saúde da Família e que também seja reconhecida como política de saúde através do SUS.

 

 

A presidente da Associação Brasileira de Arquitetos Paisagistas (ABAP), Luciana Schenk, chamou a atenção para a alteração da percepção do território das cidades no pós-pandemia, marcando a sua potência na produção do equilíbrio social.  “No mundo pós-covid, os espaços livres protagonizam os encontros públicos como espaços de sociabilidade. Há que haver um aprendizado nessa situação. Compreender a importância dos espaços livres urbanos e como o seu planejamento é importante para o lazer, a saúde, o descanso e a mobilidade”, disse a arquiteta.

 

 

O VIII Seminário Legislativo de Arquitetura e Urbanismo é uma promoção conjunta do CAU Brasil, da Comissão de Desenvolvimento Urbano (CDU) da Câmara dos Deputados e das organizações que compõem o Colegiado Permanente das Entidades Nacionais de Arquitetos e Urbanistas (IAB, FNA, ABEA, AsBEA, ABAP e FeNEA). O evento acontece nos dias 26 e 27 de outubro em formato on-line, com transmissão ao vivo pelo canal do CAU Brasil no Youtube. Acesse aqui e ative as notificações.

 

Assista à mesa “Conjuntura Global e a Ampliação do Trabalho para Arquitetura e Urbanismo na íntegra:

 

Veja como foi a abertura do evento

 

Confira a programação completa do VIII Seminário Legislativo de Arquitetura e Urbanismo

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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