No Dia Mundial da Conscientização do Autismo, celebrado no dia 02 de abril, data instituída pela Organização das Nações Unidades (ONU) em 2008, o CAU/BR publicou o artigo “Ninguém deve ficar para trás. A Arquitetura e Urbanismo e o Autismo”. O autor do texto foi o arquiteto e urbanista Nikson Dias, conselheiro federal do CAU/BR pelo estado de Roraima e Coordenador da Comissão de Ética e de Disciplina (CED).
Desde então, o conselheiro Nikson Dias tem sido procurado para falar sobre a temática em defesa da construção de cidades mais inclusivas com as necessidades dos portadores de autismo. Em depoimento concedido ao CAU/BR, o Arquiteto e Urbanista afirmou que “Todo espaço construído precisa contemplar as necessidades dos autistas. Calçadas que não se comunicam, espaços ruidosos ou iluminação inapropriada podem acarretar em implicações no tratamento. O arquiteto e urbanista pode ser um agente transformador desses espaços”.
Confira abaixo o depoimento do conselheiro Nikson Dias:
Na linha de inclusão, o maior portal de Arquitetura e Urbanismo do mundo, o ArchDaily, publicou matéria sobre projeto de teatro sensorial para crianças com autismo. O projeto da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Michigan, consiste no desenvolvimento soluções alternativas – através da arquitetura – para ajudar crianças com autismo, buscando aprender mais sobre as necessidades específicas destas crianças e a maneira como elas interagem com o mundo ao seu redor.
O artigo de Nikson Dias aborda conceitos centrais das políticas que envolvem o Transtorno do Aspecto Autista do Brasil. Como relatado no texto, “segundo Center of Diseases Control and Prevention (CDC), existe hoje um caso de autismo a cada 110 pessoas. Logo, no Brasil, estimam-se dois milhões de autistas. Apesar do grande número, apenas em 1993 a síndrome foi incluída na Classificação Internacional de Doenças da Organização Mundial da Saúde (OMS)”.
A Lei 12.764, de dezembro de 2012, instituiu a “Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista”. A medida faz com que os autistas passem a serem considerados, oficialmente, pessoas com deficiência, tendo direito a todas as políticas de inclusão do país.
Um dos princípios da Nova Agenda Urbana da ONU-Habitat, documento de orientação para definir padrões globais para o alcance do desenvolvimento urbano sustentável, é que ninguém deve ficar para trás. Com base nesse pensamento, o conselheiro Nikson readequa o exercício da Arquitetura e Urbanismo, ao lembrar que “todo o espaço construído deve contemplar a necessidade dos autistas”.
A primeira versão do projeto abordado pela matéria do ArchDaily, “Stretch|Color”, é uma superfície 2D em que se projetam imagens em preto e branco. Tocando ou empurrando diferentes partes desta superfície, a imagem pode ser colorida, como se manipulada por programa de computador. “Cada criança possui um grau distinto de autismo, mas a maioria delas – de 60-90% – desenvolve uma hiper-consciência para diferentes tipos de estímulos sensoriais. Algumas crianças são mais sensíveis a sons ou luzes, enquanto outras, respondem com mais entusiasmo a sensações táteis”, afirmou Sean Ahlquist, professor da Universidade de Michigan e desenvolvedor do projeto.
Em sequência, uma estrutura 3D mais elaborada foi desenvolvida, e serviu como palco para uma peça de teatro participativo direcionada a crianças com autismo. “Crianças com autismo têm capacidades motoras limitadas e por isso elas não podem participar em todos os tipos de atividades como maioria das crianças de sua idade, limitando suas oportunidades de interação social. A estrutura que desenvolvemos permite que ela participe ativamente, respondendo aos estímulos físicos e a interação com outras crianças – e eu acredito que o teatro tem muito para agregar neste sentido”, declarou Dionne O’Dell, diretora do departamento de teatro da Universidade de Michigan e responsável pelo projeto em parceria com Ahlquist.
Esta iniciativa, que transita entre as disciplinas da arquitetura e do teatro, tem provocado uma série de desdobramentos na esfera das artes performáticas. As estruturas sensoriais desenvolvidas por Ahlquist já foram utilizados em escolas, museus e outros espaços públicos.
Homenagem
Pelos relevantes benefícios prestados ao município de Boa Vista, o conselheiro do CAU/BR Nikson Dias foi gratificado com Diploma de Gratidão da Cidade de Boa Vista na Câmara Municipal da cidade.
“Esse Diploma nem de longe é individual. Ele representa o esforço dos Arquitetos e Urbanistas do Estado de Roraima, dos alunos e professores da Universidade Federal de Roraima (UFRR), dos amigos que dão apoio e principalmente da minha família que tem compreendido o meu esforço e que abdicar durante alguns anos pela construção coletiva de uma classe profissional implicaria em ausência”, declarou Nikson ao receber a homenagem.
Em meio aos agradecimentos, o arquiteto e urbanista mencionou o vereador de Boa Vista Linoberg Almeida, a UFRR, o CAU/BR e o CAU/RR e, sobretudo, seu filho Miguel, autista.
Com informações do ArchDaily