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No pós-pandemia, as cidades podem ser pensadas a partir dos valores femininos?

Em entrevista publicada no jornal Folha de São Paulo no dia 6, a antropóloga Débora Diniz arriscou uma previsão para o mundo pós-pandemia: “será um mundo mais alinhado aos valores feministas”.

 

A antropóloga Débora Diniz. (Foto: Headtopics.com)

 

A BBC News Brasil também tratou a atuação feminina no enfrentamento ao covid-19, mostrando que os países que têm mulheres como líderes estão respondendo melhor à crise. Revela, ainda, que a partir de abordagens diferentes dos dirigentes masculinos, o olhar feminino, aliado a outros fatores sociais e econômicos, favorece o enfrentamento da pandemia.

 

 

No pós-pandemia, os valores feministas vão fazer parte do nosso vocabulário comum, avalia a antropóloga Débora Diniz. Assim, teremos que pensar numa sociedade e, também, em cidades diferentes do que conhecemos, segundo a arquiteta e urbanista e coordenadora da Comissão Temporária de Equidade de Gênero (CTEG) do CAU/BR, Nadia Somekh.

 

A arquiteta e urbanista e coordenadora da Comissão de Equidade de Gênero do CAU/BR, Nadia Somekh

 

“Esse modelo não é justo nem igualmente eficiente e acessível para todos e todas, principalmente em momentos de crise ou calamidade”, avalia a conselheira. Para ela, será fundamental que todos(as) os(as) arquitetos(as) e urbanistas esclareçam clientes, sociedade e o poder público sobre a importância de se incorporar a sustentabilidade ambiental e social em novos projetos e em readequações.

 

Segundo Nádia Somekh, os arquitetos e urbanistas terão que participar mais efetivamente da construção das políticas públicas de urbanismo, por compreendem o impacto que a implementação dessas políticas tem na vida das cidades e das pessoas.

 

“E nós, arquitetas e urbanistas, que somos maioria na nossa categoria, vamos ajudar a construir esse mundo pós-pandemia, pensando cidades e casas inclusivas e sustentáveis”, defende Nadia Somekh. “A pandemia nos trouxe importantes reflexões e escancarou problemas há tempos latentes nas casas e nas cidades brasileiras como o déficit habitacional e a insalubridade das periferias, que afetam as mulheres em diversas escalas”, avalia.

 

Cidades mais “femininas”, segundo Nádia Somekh, deverão incluir não só as vivências das mulheres como um grupo homogêneo, mas considerar suas interseccionalidades como raça, classe, capacidade, religião, idade, entre outras categorias biológicas e socioculturais.

 

Um mundo alinhado com os valores femininos também nos sinaliza viver em estado de empatia e horizontalidade, avalia a coordenadora-adjunta da CTEG, Daniela Sarmento. “Isso vai exigir de todos novos métodos e aprendizados, bem como ouvir com atenção o que as mulheres têm a dizer, porque elas trazem o saber e a experiência da organização coletiva, do cuidado e da ação imediata”, acredita.

 

Daniela Sarmento, arquiteta e urbanista e presidente do CAU/SC

 

Para Daniela Sarmento, neste momento é preciso enfrentar a situação das mulheres e mães que vivem nas favelas brasileiras, em casas sem ventilação adequada, sem saneamento e espaço para o distanciamento interno.

 

O próprio CAU/BR pode contribuir promovendo a importância de cidades e moradias sustentáveis e inclusivas, da Assistência Técnica para Habitação de Interesse Social (ATHIS) e de uma sociedade mais feminina.

 

A Comissão de Equidade de Gênero do CAU/BR foi instituída a partir da preocupação do conselho com os valores femininos numa categoria composta por 63,5% de mulheres. E, também, para contribuir com o alcance do 5º Objetivo de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030 da ONU: a igualdade de gênero.

 

Uma das políticas desenvolvidas pela CTEG é promover a construção coletiva da pauta das mulheres visando a superação dos desafios do exercício da Arquitetura e Urbanismo.

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