Ensino e Formação

Palestra magna do Seminário de Formação aborda papel educativo da arquitetura 

O sociólogo Danilo Miranda é diretor da rede SESC São Paulo

 

O potencial educativo da arquitetura foi o tema central da Palestra Magna do Seminário Nacional de Formação, Atribuições e Atuação Profissional do CAU nesta segunda, 26 de setembro. Convidado a abordar o assunto, o professor Danilo Santos de Miranda falou sobre a relação da Arquitetura com a proposta educativa do Serviço Social do Comércio (SESC). “Essa aliança nos traz muitos benefícios, com resultados extraordinários. Continuamos avançando nessa relação, é uma coisa muito especial para nós”, afirmou. 

 

Danilo Miranda é sociólogo de formação e dirige a rede do SESC São Paulo, que conta com 30 unidades na capital, interior e litoral. Algumas delas funcionam em edifícios de relevância histórica, como o SESC 24 de maio, projetado por Paulo Mendes da Rocha e MMBB Arquitetos; o SESC Registro, que integra o conjunto arquitetônico do Vale do Ribeira; e o icônico SESC Pompeia, de Lina Bo Bardi.

 

Segundo Danilo, o campo da Arquitetura se vincula à proposta do SESC na medida em que possibilita abrigar os projetos de cultura, educação, saúde, lazer e assistência oferecidos pela instituição. “Como a Arquitetura pode educar? Nosso princípio básico é a educação informal permanente, através da cultura, da atividade física, da questão alimentar e da saúde. Sempre com caráter educativo. A Arquitetura exerce essa mesma função dentro do SESC”, disse.

 

Sesc Pompeia, projetado pela arquiteta Lina Bo Bardi

 

Quando o SESC escohe um projeto arquitetônico, o principal aspecto levado em conta é a experiência que os visitantes terão no espaço. “A Arquitetura tem um caráter não apenas de oferecer o espaço adequado, mas de atrair os visitantes para fornecer uma experiência especial”, afirmou. “Democracia, sustentabilidade e memória são questões vitais, presentes no projeto arquitetônico”.

 

Dentro desse espírito, por exemplo, Lina Bo Bardi projetou em 1986 o SESC Pompeia. “Era uma arquiteta que tinha muito presente essa questão da democratiização do espaço, o que coincidia com aquilo que o SESC pretendia também”, disse Danilo. “O SESC Pompeia é uma rua coberta, com vários pavilhões de um lado e de outro”.

 

Outro exemplo é o SESC 24 de Maio, de autoria do arquiteto e urbanista Paulo Mendes da Rocha, em parceria com o escritório MMBB. Existe uma passagem transversal na rua e também uma piscina na cobertura, tudo isso a poucos metros do Teatro Municipal. ‘É uma coisa especial, que muda a paisagem urbana”, afirmou.

 

 

No detalhe, ambiente interno do SESC Consolação

 

Ele também falou sobre a relação com a comunidade e a integração das unidades com o tecido urbano. “As unidades exercem um papel indutor forte quando se instalam, seja nos grandes centros ou na cracolândia”, afirmou, se referindo à unidade Bom Retiro localizada na região central da capital paulista, conhecida por concentrar densa população em situação de rua com dependência química. “Aceitamos ser parte desta realidade contraditória do país”, disse.

 

Um exemplo de como a Arquitetura influenciou a vivência de uma comunidade aconteceu no bairro do Belenzinho, na capiital paulista. Na época, a unidade do SESC-SP foi instalada no edifício aonde funcionava uma fábrica de jeans, que empregava a maior parte da população do bairro. Essa mudança fez com que o SESC fosse visto com ressentimento, o que começou a mudar quando foram feitas exposições de retratos dos próprios moradores nas paredes e janelas do prédio. “As pessoas se viam no SESC”, disse Danilo.

 

Se antigamente a escolha dos arquitetos para as unidades do SESC-SP era feita por convite dos gestores, hoje esse processo se dá principalmente por meio de concursos. “Proximamente, nós pretendemos realizar alguns novos concursos para unidades que vamos construir. Vamos convidar comissões internas do SESC e também comissões externas, extrapolando o nível da instituição”, disse o sociólogo.

 

 

Após a palestra, Danilo de Miranda respondeu a perguntas e dialogou com os participantes do evento. “A formulação de políticas públicas não é uma atribuição de apenas um setor, mas da sociedade. O que a gente vê no SESC é um exemplo de política pública”, afirmou o coordenador da Comissão de Ensino e Formação, Valter Caldana. 

 

Para a presidente Nadia Somekh, fomentar a cultura é uma forma de “combater o retrocesso civilizatório”. A presidente sugeriu a formalização de parceria entre o CAU Brasil e o SESC. “Precisamos reforçar o nosso vínculo para mostrar a importância da arquitetura como instrumento de fazer cidades”, afirmou.

 

ASSISTA À ÍNTEGRA DA PALESTRA, LOGO APÓS A MESA DE ABERTURA

 

 

 

Danilo de Miranda também produziu conteúdo sobre o tema para o hotsite Eleições 2022 do CAU Brasil. O artigo “Da arte de construir pontes” se relaciona com o Eixo D da Carta aberta aos (às) candidatos(as) nas Eleições 2022, sobre Valorização da Arquitetura e Urbanismo.  ACESSE AQUI

 

SOBRE O SEMINÁRIO

 

O I Seminário Nacional de Formação, Atribuições e Atuação Profissional do CAU é uma realização da Comissão de Ensino e Formação e acontece entre 26 a 28 de setembro na sede do CAU/SP, em São Paulo. Acompanhe todas as informações pelo hotsite do evento: https://caubr.gov.br/seminarioformacao

 

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