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Paulo Mendes da Rocha, amante da cidade, “a casa do homem”

A vasta experiência do premiado arquiteto e urbanista Paulo Mendes da Rocha, 91 anos, o leva a crer que vamos superar a atual pandemia do Covid-19, da mesma forma que no passado outras crises, epidemias e pandemias foram superadas.

 

 

Para ele, o momento atual, como toda novidade, é um “estímulo para a nossa existência no Planeta, que é um projeto em andamento” e será superada com inteligência “e mais uma vez, na vida do homem, de uma forma um tanto quanto eroticamente lúdica”.

 

 

O arquiteto e urbanista foi o entrevistado da live Conversas na Crise – Depois do Futuro, organizada pelo Instituto de Estudos Avançados (IdEA) da Unicamp em parceria com o UOL, dia 1º. Conduzido pelo jornalista Paulo Markun, o evento contou com a participação da editora do UOL Entretê, Liv Brandão, do jornalista Júlio Moreno, especialista em assuntos urbanos, e do presidente do Conselho Científico e Cultural do IdEA, Carlos Vogt.

 

 

 

Integrante da geração de arquitetos modernistas, ao ser questionado sobre a cidade que teremos no século 21, Paulo Mendes enfatizou que a sua ideia de cidade não é nem melhor nem pior, mas contemporânea. Amante da cidade, ele acredita que ela seja cada vez mais a casa do homem e, portanto, deve ser melhor.

 

 

 

O arquiteto caracterizou como “desastre total” a ideia de cidade como negócio e a ocupação predatória do território fruto do modelo de colonização adotado na América.

 

 

Também criticou a má utilização dos rios brasileiros, principalmente os do estado de São Paulo. “Com essa herança maldita a cidade é um desastre. Nós nunca navegamos nos nossos rios, destruímos todos e os transformamos em esgotos”.

 

 

A importância dos recursos das águas, como a navegação e flutuação, foi apontada pelo arquiteto como fatores explorados em todo o mundo, especialmente na Europa, contribuindo positivamente para a mobilidade humana.

 

 

Ao ser questionado sobre as possíveis modificações que ocorrerão nas cidades no pós-pandemia, Paulo Mendes responder que essa questão, na sua essência, não é necessariamente para arquitetos, mas sim, para cientistas especializados e médicos. No entanto, ressaltou que se for considerada a dimensão que tudo isso traz para as pessoas sobre o papel de cada uma na natureza, “nos faz reconvocar a nossa consciência sobre a condição humana no Universo, ou seja, quem somos?”

 

 

O presidente do CAU/BR, Luciano Guimarães, que assistia a live, perguntou a Paulo Mendes se a pandemia é a condição que faltava para a reforma urbana. “Concordo que a cidade é um desastre da forma como está, mas a reforma urbana é uma questão de inteligência e não de uma emergência virulenta”, respondeu. Mas para ele, uma reflexão sábia e consciente sobre o assunto precisa ter força política, embora avalie que a política sempre foi feita “para nos oprimir e destruir”.

 

 

“A nossa cidade (São Paulo) é um desastre programado, ou seja, podemos estabelecer sobre essa questão uma razão política de combate e luta. Podemos combater para que isso não se repita com tanta frequência como ocorreu nos últimos anos”, afirmou Paulo Mendes. Na sua avaliação, as cidades são resultados da política predatória e colonialista. “Não tem sentido termos fundado a Faculdade de Arquitetura da Universidade de São Paulo para permitir e alimentar essa “sopa” desastrada”, defende Paulo Mendes.

 

 

Paulo Mendes também foi indagado sobre o que muitos denominam “novo normal” no pós-pandemia. Para ele as avaliações sobre a questão são improvisações e acrescentou: “Não quero fazer das minhas respostas uma teoria como se eu fosse um sábio, porém, o melhor a dizer é que não sabemos e vamos ver depois. Como sempre, nós inventamos a nossa própria vida”.

 

 

Confira outras resenhas de webinars e debates no especial CIDADE E HABITAÇÃO PÓS-PANDEMIA

 

 

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