COMISSÕES

Presidente da SBPC defende compromisso social e a “ética do sim” em evento da CEF

“Em que medida estamos formando e qualificando as pessoas para encontrarem horizontes mais amplos do que aqueles com que se defrontam?” Com este questionamento, o filósofo e cientista político Renato Janine Ribeiro abriu sua palestra durante o Encontro de coordenadores das Comissões de Ensino e Formação do CAU nesta sexta, 11 de março, organizado pela CEF do CAU Brasil. O evento reuniu arquitetos e urbanistas que exercem a docência e atuam nas comissões que tratam do tema dentro dos CAU/UF.

 

Renato Janine Ribeiro foi ministro da Educação no ano de 2015 e desde julho de 2021 está à frente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). Na palestra “Formação, pesquisa, prática profissional, compromisso social e soberania”, ele provocou as instituições e profissionais a adotarem o compromisso social como projeto profissional e de trabalho. “Nós temos que fortalecer a ideia de que a profissão é uma das formas como você exerce o seu ‘ser pessoa’. Se nós queremos um país melhor, temos que pensar qual é o nosso compromisso social como profissionais”, afirmou.

 

Renato Janine Ribeiro

 

O professor também defendeu este conceito como balizador da ética. “Não existe uma ética diferente para o arquiteto e para o médico. A ética é a mesma: fazer o bem e não fazer o mal. Os desafios concretos serão diferentes num caso ou no outro, mas os princípios fundamentais são os mesmos”, definiu.

 

As regulações que estabelecem condutas, como o Código de Ética e Disciplina do Arquiteto e Urbanista, são instrumentos que permitem aperfeiçoamentos legais, pontuou Renato Janine. “Os códigos de ética representam interesses de categorias, órgãos públicos ou empresas para estabelecer padrões de comportamento que nem sempre estão na lei e permitem ir além da lei”, disse, lembrando que condutas como assédio moral e assédio sexual foram previstas em códigos corporativos antes de serem reconhecidos como crime pela lei.

 

No entanto, acredita que é possível construir uma perspectiva que vá além do caráter punitivo: uma “ética do sim”, também provocada pelo compromisso social. “Ter um código que diz o que a pessoa não deve fazer pode levar à ilusão de que basta não fazer nada errado para ser ético, e isso não é verdade. É preciso sair da ‘ética do não’ e ir para uma ‘ética do sim’: sim, combateremos a fome, a doença, a pobreza, as habitações de má qualidade, e procuraremos fazer com que a vida seja melhor. Este é o sentido da ética que é importante desenvolver”, defendeu.

 

Aliados, compromisso social e ética projetam para a soberania, último dos conceitos que guiaram a palestra do filósofo. “Temos um compromisso grande com a soberania do país, mas não haverá soberania nacional se não houver soberania popular antes. Não se trata apenas do Brasil ser independente de Portugal, mas de ser governado conforme as decisões do seu povo, sem golpes, sem violação da lei”, disse.

 

Ao final da palestra, o professor resumiu o desafio que acredita caber aos docentes.  “Nós temos que fazer pesquisa, qualificar bem nossos alunos para serem capazes de utilizar o máximo do seu saber para que possam melhorar a condição de vida dos brasileiros, assumindo os valores éticos na sua atuação. E, assim, tornar melhor a vida de todos, cumprindo o compromisso da erradicação da pobreza, como prevê a Constituição”, disse.

 

Renato Janine ainda respondeu a perguntas dos conselheiros e conselheiras.

 

Nadia Somekh, presidente do CAU Brasil

 

Em resposta à presidente Nadia Somekh, que inquiriu sobre como é possível resgatar a esperança diante do cenário de retrocesso civilizatório, Renato Janine Ribeiro recorreu mais uma vez à sua “ética do sim”. “Precisamos insistir na ciência e inteligência e pensar quais são as mudanças necessárias. Recuperar o papel da ciência e do conhecimento rigoroso e preparar um grande projeto para o Brasil, que tem grandes potencialidades. Não podemos ser para sempre o país do futuro. Temos que fazer este futuro chegar”, finalizou.

 

Valter Caldana, coordenador da CEF – CAU Brasil

 

O coordenador da CEF/CAU Brasil, Valter Caldana, agradeceu a participação de Renato Janine, que transmitiu sua mensagem à distância, da Itália. “Obrigado por ter aceito o nosso convite para falar sobre estas questões que são os pilares da nossa gestão. Estamos comprometidos com a construção da qualidade do ensino para a inserção social e procurando oferecer a contribuição do papel do conselho nesta construção cidadã”, disse Caldana.

 

Assista à palestra na íntegra (a partir de 1:11:00)

 

O Encontro de coordenadores das Comissões de Ensino e Formação começou na quinta-feira, 10 de março, e contou com a participação de representantes de conselhos de arquitetura de todos os estados brasileiros. O evento teve formato híbrido (presencial e à distância) e foi promovido pela CEF/CAU Brasil para apresentar os projetos a serem desenvolvidos pela comissão ao longo do ano de 2022. O encontro teve transmissão ao vivo pelo canal do CAU/Brasil no Youtube.  Acesse aqui

 

 

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