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Qual o significado de termos um novo projeto para o Vale do Anhangabaú em São Paulo?

“A maior parte dos cidadãos que passe hoje entre os viadutos do Anhangabaú, ou Santa Ifigênia talvez não possa imaginar quanta história está presente nesse Vale que foi preenchido por máquinas e tapumes nos últimos anos…

 

O Vale do Anhangabaú tem muitas camadas, ele tem um “córrego invisível” que mostra suas águas na época das chuvas, viadutos que ligam os dois lados do centro da maior cidade do país, um espaço livre de generosas proporções que foi muitas coisas ao longo dos anos: fopraça, foi avenida tomada de carros, foi lugar de eventos, foi parque, foi moradia de população vulnerável, foi lugar de encontro…

 

Projeto original do Vale do Anhangabaú

 

Ele teve muitos aspectos, até 2014 enquanto espaço, foi um projeto fruto de concurso público nacional, promovido pelo IAB e ganho pelos arquitetos urbanistas Rosa Kliass, Jorge Wilheim, Jamil Kfouri e colaboradores, que projetaram no vale uma paisagem memorável. Essa carta quer se concentrar em duas questões das que estão na pauta das discussões públicas acerca do novo projeto para o Vale: a questão da autoria e a questão da memória.

A ABAP vem publicamente rechaçar as ações que destroem projetos executados fruto de concurso público e cuja autoria vemos necessidade de resguardar e defender enquanto categoria, seja pelo processo de eleição e destaque do projeto através de concurso que distingue sua excelência através de júri qualificado, seja pelo significado que o processo atesta à profissão frente à sociedade.

 

Vale Anhangabaú após a reforma, alvo de críticas de arquitetos e urbanistas e paisagistas.

São Paulo, a cidade que se destrói e reconstrói sistematicamente tem perdido a oportunidade de salvaguardar lugares singulares e merecedores de reconhecimento. Assim era o projeto que ali estava, elegante, merecedor de respeito, criador de memórias…

São Paulo, 02 de agosto de 2020.

Luciana Schenk, presidente da Associação Brasileira de Arquitetos Paisagistas (ABAP)”

 

Saiba mais: 

 

Folha de S.Paulo: Novo Anhangabaú manterá árvores, mas urbanistas apontam outros problemas

Folha de S.Paulo/Opinião: Anhangabaú precisava de uma reforma, mas não de um arrasa quarteirão

Artigo do arquiteto e urbanista Nabil Bonduki, conselheiro estadual do CAU/SP

Nexo Jornal: O que divide opiniões na reforma do Anhangabaú em SP

Veja/São Paulo nas Alturas: Novo Anhangabaú não parece promissor, mas árvore é o de menos

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9 respostas

  1. O espaço em questão, carrega a nostalgia e parte da atividade comercial de São Paulo. Acredito que após 06 anos de reformado realmente precisa de manutenção, mas, não justifica as intervenções eleitoreiras e irresponsáveis que estão sendo propostas.

  2. Realmente, é um absurdo o que se propõe! Primeiro porque o Vale como está (após implementação do projeto da Rosa Kliass) é um espaço de passagem e convívio, com verde e respiro da selva de pedra. Segundo porque o projeto novo é basicamente uma calçada gigante (100% impermeabilizada) que destrói o projeto atual (que foi objeto de concurso público!!!). Terceiro que o arquiteto ou engenheiro que fez essa proposta atual deveria ter vergonha por questões éticas, tendo em vista o concurso anterior.

  3. Inóspito, árido, sem desenho, sem excelência, sem sentido. Flagrante que o projeto atual precisa receber obras de manutenção, manejo de mudas e incremento e revisão dos indivíduos arbóreos, mas nada que justifique seu desaparecimento. O novo projeto consegue trazer o vazio como protagonista, o que é extremamente desumanizador e indesejável para um lugar tão carregado de referências.

  4. Caros, em minha MSG anterior, favor alterar “Rosinha” para Rosa… Rosinha é uma maneira pessoal minha de me expressar a Rosa Kliass, que denota carinho por ela. Coisa minha para com meus amigos próximos. Favor substituir nos dois caso. Grato, Rodolfo

  5. No lugar de rochas = ler flexas.
    No lugar de animosidade = ler amorosidade

  6. A mudança é necessaria. Acompanho o Vale desde o inicio de minha formação em arquitetura nos anos 70. Também acompanho as mudanças urbsnisticas no mundo. Mudanças são necessarias e revigorantes. Inclusive o autor do projeto existente concorda. O que nos cabe é
    acompanhar tudo e contribuir com soluções criativas. Tantas flexas no vazio… a que serve? Avante as boas criações.
    Desconheço o projeto. O que me inspira é a natureza do vale. Todas as flechas e vaidades caem por terra na presença da natureza. O mais importante a fazer seria naturalizar o ambiente, trazer o córrego de volta às vistas humanas. Conciliar a cidade com a natureza derrubada, afogada…
    seria o ideal para acertar, inclusive, a necessária consciência de lugar… trazer o Vale de volta como respiratório e abrigo de animosidade… é o que vale a pena pagar, para ser uma obra eterna. Não devíamos compartilhar e defender maquiagens arquitetônicas. Isto sim, impacta muitíssimo o meio ambiente e segrega.

  7. Eu concordo com a MSG da ABAP. Gostava muito do projeto da Rosa Kliass: era excepcional. Eu só me pergunto: POR QUE DEMOROU TANTO ESSA MANIFESTAÇÃO em 2 de agosto de 2020? Por que não surgiu antes? Enquanto ainda estava em projeto? Ate, por que a Rosa, dde quem sou fã absoluto, não se manifestou desde o início? Tempos ruins que estamos passando… Rosa, mantenha-se firme e serena. Lamento, embora eu mesmo já soubesse desses projetos. Rodolfo Geiser

  8. A mudança é necessaria. Acompanho o Vale desde o inicio de minha formação em arquitetura nos anos 70. Também acompanho as mudanças urbsnisticas no mundo. Mudanças são necessarias e revigorantes. Inclusive o autor do projeto existente concorda. O que nos cabe é acompanhar tudo e contribuir com soluções criativas. Tantas flexas no vazio… a que serve? Avante as boas criações.

  9. Compartilho totalmente da ideia de não mexer no que está projetado, executado e funcionando, a não ser por extrema necessidade, como por exemplo a revitalização de uma determinada área, o que não é o caso, as paisagens são mutáveis, sabemos disso, mas quando possível deveríamos assistir sua maturidade, passando por algumas gerações, isso gera pertencimento e defesa do espaço, uma espaço que muda constantemente perde seu caráter e sua personalidade.

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