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Rosa Kliass: uma aula magna no cerrado

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Foi uma tarde especial, a de 20/05/16, para a Universidade de Brasília. Superlotado, o auditório da Associação de Docentes (ADUnB), com 520 lugares, recebia uma senhora de 83 anos, elegante e bem humorada, para uma aula magna.

 

Rosa Kliass falou sobre “Arquitetura Paisagística – Uma trajetória”, que faz parte de um circuito de palestras chamado “Rosa Kliass no cerrado” onde ela relata sua trajetória pelo universo do paisagismo.  Esbanjando simpatia e sabedoria, Rosa Kliass mostrou para alunos, profissionais e pessoas que se interessam pela área de Arquitetura e Urbanismo uma parte de sua experiência como arquiteta paisagista, apresentando projetos e histórias ligados a eles.

 

A arquiteta também carrega em seu currículo formações em Geografia e Botânica, que, segundo ela, são de extrema importância para sua área de trabalho. Seu mestrado voltado para a área de Arquitetura e Urbanismo foi feito na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UnB (FAU), o que, segundo ela, já estava em seus planos, entre os trabalhos e a preparação para ingressar em mais uma aventura acadêmica na Universidade de Brasília.

 

Mais de 20 países ao redor do globo foram visitados, estudados e explorados paisagisticamente por Rosa. A arquiteta ressalta que essas viagens foram de extrema importância para seu crescimento acadêmico e profissional. Entre congressos trabalhos, Rosa conta que uma das viagens que mais marcou sua vida profissional foi feita pelos Estados Unidos, que para ser realizada contou com uma bolsa que ganhou para viajar por toda a costa do país – From coast to coast –, era o nome do projeto. Rosa conta que passou por muitos lugares dentro do país, e que em cada parada, existiam visitas que ela julgava serem obrigatórias para seu crescimento. “Em cada cidade eu visitava a escola de arquitetura paisagística do local, os principais arquitetos ali residentes e buscava conhecer a fundo os lugares e seus estilos paisagísticos”, relata durante a apresentação.

 

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Rosa Kliass em aula magna no auditório da ADUnB

 

Já nos projetos realizados no Brasil, Rosa destaca com humor e irreverência, uma experiência que viveu no estado do Maranhão, mais especificamente, na capital São Luís.

 

Nos tempos em que era presidente da Associação de Arquitetos Paisagistas (ABAP), Rosa recebeu um convite, de uma arquiteta do estado do Maranhão, para que ela indicasse um profissional da região norte que pudesse fazer um projeto paisagístico na cidade. “Eles queriam um arquiteto paisagista para um projeto que visava apenas uma plantação de florzinhas nos canteiros das avenidas”, conta a arquiteta, fato que arrancou risos dos presentes. Para solucionar inicialmente o problema de São Luís, Rosa sugeriu que a equipe responsável pelo projeto fosse a um congresso que seria realizado em Belém, no Pará. Tendo sua sugestão acatada, após o congresso, ela recebeu o convite para criar um departamento de parques e jardins, que por fim acabou virando o Instituto Municipal de Paisagem Urbana de São Luís (Impur). A partir da criação do instituto foi feito o plano da paisagem urbana da cidade, dando continuidade a um dos inúmeros trabalhos de Rosa Kliass.

 

Os relatos não pararam por aí. Foram feitas análises,  para estudo dos presentes, de pelo menos sete trabalhos realizados pela arquiteta, ao redor do Brasil e do mundo. A atenção dos participantes era máxima, com momentos de descontração que ela construia com seu jeito meio e a clareza das palavras.

 

Em uma de suas histórias emocionantes,  a arquiteta contou que enquanto estava em São Luís para realizar o projeto do Impur, uma conversa com outro dos hóspedes do hotel em que estava,  fez com que ela se sentisse tocada por um de seus trabalhos feitos no Amapá, o Parque do Forte. O parque fica no entorno da Fortaleza de São José e, banhado pelo Rio Amazonas, deu origem a um espaço de recreação para crianças.

 

O hóspede se apresentou como macapaense. Sem fazer muitos rodeios,  Rosa disse que era quase uma cidadã do Amapá. Curioso, o homem perguntou o motivo, já que ela havia falado que era do estado de São Paulo. Foi então que ela mencionou seu projeto do parque, que havia sido inaugurado há seis meses. Encantado com quem estava a sua frente o homem chama os dois filhos que estavam na piscina para que conhecessem a moça que fez o “lugar bonito”. Lisonjeada, Rosa conta esta história com muito orgulho e prazer por ter tido um de seus projetos rebatizados pela população com um adjetivo tão significativo.

 

Ao final da apresentação a arquiteta respondeu perguntas dos participantes, seguindo para uma sessão de autógrafos da segunda edição de seu livro “Rosa Kliass – Desenhando Paisagens, Moldando uma Profissão”.

 

A ponto de fazer 84 anos, Rosa Kliass deu uma aula de humanidade, humildade, preocupação com o meio ambiente e experiência. Os participantes, em momentos de risadas e outros de emoção,  demonstraram imenso respeito pela figura que a arquiteta representa da história da Arquitetura Paisagística mundial, a clareza e a lucidez das palavras proferidas pela profissional fizeram com que a platéia quisesse mais. Aplaudida de pé e homenageada pelos estudantes da FAU, Rosa Kliass foi exaltada pelo público. Os pedidos de abraços não foram poucos, uma fila se formou na saída do palco, forma que os participantes encontraram para demostrar gratidão por aquele breve momento de troca de experiências entre quem está ingressando na área e quem nela se consagrou como uma das melhores.

 

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Rosa Kliass em foto com os organizadores do evento

 

Por Jéssica Luz, com supervisão de Júlio Moreno

 

Acesse:

 

São Paulo homenageia Rosa Kliass, a grande dama da Arquitetura Paisagística

 

Projetos de destaque

 

Entrevista exclusiva de Rosa Kliass para o portal Arquitetura para Todos

“Ao fazer uso dos espaços da cidade, o paulistano, avaliza a minha intervenção na paisagem de SP”, diz Rosa Kliass – Cerimônia de entrega do título de Cidadã Paulistana

 

“Em defesa do projeto, Rosa Kliass nunca se rendeu ao mercado”, relata Nina Vaisman sobre Rosa Kliass – Cerimônia de entrega do título de Cidadã Paulistana

 

Segundo Rafael Birmann, “Não adianta discutir com a Rosa. Ainda bem: ela sempre tem razão, o projeto fica melhor”  – Cerimônia de entrega do título de Cidadã Paulistana

 

Links relacionados

 

Publicado em 07/06/2016

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