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Santa Catarina abre ciclo de debates sobre o direito das mulheres à cidade

No dia 12 de setembro, Santa Catarina abre a agenda nacional do 1º Ciclo de Debates Mulheres na Arquitetura – Cidades inclusivas para as mulheres. Realização do CAU/SC, CAU/BR e Bancada Feminina da Assembleia Legislativa de Santa Catarina,  o evento inaugura uma intensa agenda de encontros itinerantes com o objetivo de consolidar uma política de equidade de gênero dentro do CAU e também a construção de cidades que atendam às necessidades das mulheres. Com o apoio da Comissão de Desenvolvimento Urbano e da Secretaria de Mulheres da Câmara dos Deputados, bem como, do Colegiado das Entidades Nacionais de Arquitetura e Urbanismo, o evento se repetirá nas capitais do Sergipe, Bahia, Rio Grande do Sul, Acre, Distrito Federal, Ceará, São Paulo e Rio de Janeiro.

 

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63,10% dos 105.420 inscritos/as nos Conselhos de Arquitetura e Urbanismo são do sexo feminino. Em Santa Catarina, este percentual sobe para 68%. As mulheres também são maioria entre as estudantes de arquitetura (67%) e na população de arquitetos/as com idade entre 20 e 25 anos (79%). Os dados apontam para um futuro majoritariamente feminino na profissão, o que também pode significar uma mudança na forma como a arquitetura e o urbanismo passam a conceber o espaço urbano.

 

As organizações representativas da categoria vêm despertando para esta perspectiva. O CAU/SC criou a Câmara Temática Mulheres na Arquitetura. Em âmbito nacional, as arquitetas mobilizadas também provocaram a criação do Grupo de Trabalho de Mulheres dentro do Fórum dos Presidentes, espaço que reúne as presidências dos CAU de todos os estados. Também compuseram uma Comissão Temporária de Equidade de Gênero do CAU/BR que tem como propósito contribuir para construção da Política de Equidade de Gênero do CAU/BR.

 

Para além de fomentar maior representatividade profissional, a partir da potencialidade da arquitetura e urbanismo, as arquitetas desejam contribuir para alertar sobre a necessidade de construção de um modelo de cidade mais inclusivo. “A cidade sempre foi pensada a partir de um sujeito universal. Ela é desenhada para o fluxo dos homens, em idade média, no auge de sua capacidade produtiva, com trabalho estável e bem remunerado que lhe permite ter carro, deixando as demandas das mulheres, jovens, idosos, crianças e deficientes físicos à margem das prioridades do investimento público”, explica a presidente do CAU/SC, Daniela Sarmento.

 

Pensar as cidades a partir das necessidades de uso das mulheres é refletir sobre a infra-estrutura do espaço urbano para responder às atividades do cotidiano das mulheres. Provoca a pensar, por exemplo, sobre aspectos como a segurança pública – e então considerar temas como o assédio no transporte público, a iluminação pública e os espaços abandonados das cidades.

 

O direito à habitação social também precisa ser observado da perspectiva feminina. O número de mulheres chefes de família saltou na última década, passando de 1 milhão em 2001 para 6,8 milhões, em 2015 segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do IBGE. Segundo a Síntese de Indicadores Sociais (SIS) do Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE), 56,9% das mulheres que sustentam a casa e tem filhos de até 14 anos estão abaixo da linha da pobreza. Dentre estas, 64,4% das mães negras.

 

Se no Brasil as mulheres também ainda são consideradas as principais cuidadoras – quando não únicas – Daniela Sarmento observa que considerar as demandas femininas na cidade é incluir também outros usuários, como crianças e idosos. “Quando uma mãe levar seu filho para uma atividade de lazer, precisa de uma estrutura que abrigue confortavelmente as crianças, e também às mulheres, observa.

 

“A cidade precisa ser pensada para todos os tipos de mulheres. Estas demandas não implicam fazer uma cidade que exclua as necessidades dos outros cidadãos, mas convocam a uma nova percepção na construção da cidade contemporânea”, complementa a arquiteta.

 

A ação está em sintonia com o Plano de Gestão do CAU/SC que tem suas metas integradas à agenda internacional dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU. Ela contempla o ODS 5  – Igualdade de Gênero (Alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas) e o ODS 11 – Cidades e Comunidades Sustentáveis (Tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis), do qual o CAU/SC é apoiador oficial junto ao Movimento Nacional ODS – Santa Catarina.

 

Por que é urgente discutir a cidade para as mulheres?

 

– Segundo dados da PNUD/IBGE, o número de mulheres chefes de família passou de 1 milhão, em 2001, para 6,8 milhões, em 2015 (alta de 551%). No caso dos casais sem filhos, o crescimento foi ainda maior, de 339 mil para 3,1 milhões (alta de 822%).

 

– A Síntese de Indicadores Sociais (SIS) do Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE) aponta que 56,9% das mulheres que sustentam a casa e tem filhos de até 14 anos estão abaixo da linha da pobreza. Dentre estas, 64,4% das mães negras.

 

– 97% das entrevistadas pela Pesquisa Segurança das mulheres no transporte (Instituto Patrícia Galvão/Locomotiva, 2019) afirmaram ter sido vítimas de assédio em meios de transporte e 71% conhecem alguma mulher que já sofreu assédio em espaço público

 

– 5,5 milhões de brasileiros/as não têm o nome do pai no registro de nascimento, segundo Dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), com base no Censo Escolar de 2012, o que aponta para a centralidade da presença feminina e a ausência paterna na educação dos filhos.

 

Programação

 

14:00h – Abertura com apresentação do tema (presença das deputadas)

 

15:00h – Oficina

 

Mediação: Daphne Besen e Paula Zacarias (Representantes do Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos (ONU- Habitat)

 

17:00h – Encerramento oficina

 

18:00h – Café de acolhimento

 

18:30h – Mesa de abertura (Deputadas Federais + Deputadas Estaduais + CAU/BR + CAU/SC)

 

19:30h – Roda de conversa com as palestrantes convidadas:

 

Palestrante 1: Paula Zacarias – Arquiteta e Urbanista. Analista de Programas do Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos (ONU-Habitat) – Escritório Regional para América Latina e o Caribe (ROLAC) – Brasil e Cone Sul – Escritório Alagoas.

 

Palestrante 2: Daphne Besen – Internacionalista. Analista de Programas do Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos (ONU-Habitat) – Escritório Regional para América Latina e o Caribe (ROLAC) – Brasil e Cone Sul – Escritório Alagoas.

 

Palestrante 3:  Neila Janes Viana Vieira – Arquiteta e Urbanista da Central de Projetos da SEGOV – Secretaria Municipal de Governo e Relações Institucionais, da Prefeitura Municipal de Campo Grande. Conselheira do CAU/MS.

 

20:30h – Debate/encaminhamentos

 

Palestrantes:

 

Daphne Besen

 

Formada em Relações Internacionais (PUC-Rio), mestra em Ciências Sociais (UERJ) e especialista em Política e Planejamento Urbano (IPPUR/UFRJ). Trabalhou como Assessora de Cooperação Internacional e Sustentabilidade na Coordenadoria de Relações Internacionais da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro; como Diretora de Relações Internacionais na Prefeitura Municipal de Duque de Caxias; foi pesquisadora do Observatório das Metrópoles (IPPUR/UFRJ) e já atuou na área de Direitos Humanos no terceiro setor. Tem experiência profissional e acadêmica nos seguintes temas: sociologia urbana; direito à cidade; cooperação internacional; governos locais; igualdade de gênero e segurança urbana. Atualmente, é Analista de Programas do Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos (ONU-Habitat), no escritório local de Maceió, projeto desenvolvido em cooperação técnica com o Governo do Estado de Alagoas.

 

Paula Zacarias

 

Formada em Arquitetura e Urbanismo (UFAL). Pós-graduada em Reabilitação Ambiental Sustentável Arquitetônica e Urbanística (UnB). Pós-graduanda em Direito Urbanístico e Ambiental (PUC Minas). Atuou como colaboradora no Núcleo de Estudos do Estatuto da Cidade da FAU/UFAL e como Arquiteta e Urbanista, pesquisadora e consultora na área de Planejamento Urbano e Regional, principalmente nos seguintes temas: direito à cidade, gestão urbana, vazios urbanos, verticalização das cidades e habitação de interesse social. Atualmente, é Analista de Programas do Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos (ONU-Habitat), no escritório de Maceió, atuando no projeto de cooperação técnica com o Governo do Estado de Alagoas.

 

Neila Janes Viana Vieira

 

Possui graduação em Arquitetura e Urbanismo pelo Centro de Ensino Superior Prof° Plínio Mendes dos Santos – CESUP (1985), especialização em Gestão Regional e Urbana pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – UFMS e mestrado em Meio Ambiente e Desenvolvimento Regional pela Universidade para o Desenvolvimento do Estado e da Região do Pantanal – Uniderp (2003). Atualmente é arquiteta e urbanista da Central de Projetos/Segov, da Prefeitura Municipal de Campo Grande, onde faz parte da equipe técnica do Programa Reviva Campo Grande II que está promovendo a Requalificação da Área Central de Campo Grande. E nesse âmbito tem desenvolvido estudos na área de Planejamento Urbano e Gênero. É conselheira do Conselho Municipal de Meio Ambiente, CMMA; Conselheira Estadual do CAU/MS e Coordenadora da CEF/MS. É Profissional Liberal atuando como consultora na elaboração de Planos Diretores Participativos e Planos Municipais de Habitação de Interesse Social em vários municípios do Mato Grosso do Sul. Foi professora universitária por 17 anos, ministrando aulas no curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade para o Desenvolvimento do Estado e da Região do Pantanal – UNIDERP, nas disciplinas de Planejamento Urbano I, II, III e IV; Urbanismo I, Estudos Sociais, Econômicos e Ambientais I e II; Projeto Arquitetônico, Urbanístico e Paisagístico I, II e V, Paisagismo I e II; e nos cursos de Gestão Imobiliária e Engenharia Sanitária e Ambiental da Universidade Católica Dom Bosco – UCDB, como professora de Planejamento Urbano I e II, Loteamentos e Incorporações e Desenho Técnico. Ministrou aulas em vários cursos de Especialização na área de Planejamento e Gestão Urbana e Ambiental. Tem experiência na área de Planejamento Urbano e Regional, com ênfase em Política Urbana, atuando principalmente nos seguintes temas: infraestrutura urbana, planejamento urbano, plano diretor participativo, habitação de interesse social, loteamento e gestão democrática.

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4 respostas

  1. gostaria de ter informações sobre as datas de realização do evento em outros estados, conforme mencionado na matéria (Sergipe, Bahia, Rio Grande do Sul, Acre, Distrito Federal, Ceará, São Paulo e Rio de Janeiro).
    Em relação ao evento de 12/09 em Santa Catarina: a CAU/BR TV irá transmitir? Em caso positivo, como faço para me inscrever no canal?

  2. É com muita tristeza que recebo o convite de um evento como este. Vivemos numa sociedade com grandes problemas de igualdade, fraternidade e tolerância. Eventos FEMINISTAS acentuam ainda mais essas diferenças. Vamos parar com essas EVENTOS, este órgão não existe para representar movimentos …ISTAS( feministas, machistas, ptistas,…)mas todos os PROFISSIONAIS, independentes de sexo, religião e partidos.

    1. Cezar, as arquitetas desejam contribuir para alertar sobre a necessidade de construção de um modelo de cidade mais inclusivo. Pensar as cidades a partir das necessidades de uso das mulheres é refletir sobre a infra-estrutura do espaço urbano para responder às atividades do cotidiano das mulheres. Provoca a pensar, por exemplo, sobre aspectos como a segurança pública – e então considerar temas como o assédio no transporte público, a iluminação pública e os espaços abandonados das cidades. O direito à habitação social também precisa ser observado da perspectiva feminina. O número de mulheres chefes de família saltou na última década, passando de 1 milhão em 2001 para 6,8 milhões, em 2015 segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do IBGE. Segundo a Síntese de Indicadores Sociais (SIS) do Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE), 56,9% das mulheres que sustentam a casa e tem filhos de até 14 anos estão abaixo da linha da pobreza.

    2. Concordo plenamente com o comentário do Cesar Martinelli. A cidade tem de ser planejada com infraestrutura para todos, homens, mulheres, pessoas com alguma deficiência, crianças, idosos, animais, turistas e mais quantos estiverem para usá-la. Independente de religião, cor, sexo, idade ou qualquer outro rótulo. Sim, gostamos de rotular as coisas, assim a sociedade parece mais organizada.
      A cidade deve prover transporte bom e seguro, onde não haja assedio ou constrangimento, e aqui falamos da boa segurança pública tão escassa ultimamente.
      Que a iluminação seja para todos e não apenas pensada para mulheres ou menos válidos, nas crianças ou idosos, dos turistas aos animais , estes que puxam carroças (sim… ainda temos cavalos sendo usados para sustento de alguns), e que disputam espaço com automóveis, motocicletas e ciclistas , já que a cidade não foi pensada para eles. Existem cerca de 10 a 15 mil cavalos em SC – de acordo com o Departamento de Zootecnia e Desenvolvimento Rural da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
      Temos cerca de 20.000 cegos cadastrados em Santa Catarina e nem por isso as calçadas estão em bom estado, embora tenhamos a disposição Manuais e Cartilhas para a boa utilização dos usuários .
      Então… Necessário se torna, que as cidades sejam planejadas e feitas para todos.
      Fora isto, mais parece discussão bizantina.

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