ARQUITETURA SOCIAL

TV Brasil exibe reportagem sobre “A arquitetura que nos une”

Habitação social foi o tema do programa “Caminhos da Reportagem” exibido no dia 06 de dezembro, na emissora TV Brasil. A equipe visitou cinco capitais brasileiras – Salvador (BA), Rio de Janeiro (RJ), São Paulo (SP), Brasília (DF) e Belo Horizonte (MG) – para mostrar projetos de arquitetura que são referência em moradia social e em direito à cidade. A matéria, que pode ser vista na íntegra no site do canal, conta com depoimentos de moradores das regiões, arquitetos envolvidos nos projetos e professores de Arquitetura e Urbanismo.

 

Em Salvador, a emissora visitou a região de Novos Alagados, em que um projeto de urbanização retirou moradores das palafitas, e o Pelourinho, onde casarões antigos foram revitalizados para abrigar funcionários públicos.

Em Heliópolis (SP), a vida a partir de outra perspectiva visual, com iluminação natural em todos os lados do apartamento para famílias de baixa renda – Divulgação/TV Brasil

 

O arquiteto e urbanista realizador desses projetos, Demetre Anastassakis, visou não só à construção de habitações, mas de cidades, espaços públicos e centrais. “A crítica maior que veio do Minha Casa Minha Vida é que são em lugares longínquos, em que ônibus não vai. Eles aqui saíram da palafita para morar em um lugar central”, disse ele em relação ao projeto Novos Alagados.

 

A execução do projeto, no entanto, não pôde ser finalizada por falta de investimentos. Os moradores, apesar de contentes com a moradia, se mostraram insatisfeito com a falta de continuidade da construção. Demetre Anastassakis acredita em uma finalização do projeto, desde que o país adote uma política de assistência pós-ocupação. O grande problema do Brasil nisso é não haver continuidade de pós-ocupação, assistência pós-ocupação, para dizer: escuta, deu problema? O que deu problema? O que eu posso fazer? Um plantão de arquitetos, igual de médico. ”

 

No Rio de Janeiro, foi visitado o Complexo do Pedregulho, na região de São Conrado, projeto de Affonso Eduardo Reidy. O conjunto foi projetado em 1946, inicialmente, para abrigar os funcionários da União do então Distrito Federal. O espaço foi concebido para reunir moradia e serviços em um só local. O projeto original contemplava própria escola, posto de saúde, espaços esportivos, piscina, jardins e áreas de lazer, mas alguns desses equipamentos não estão mais funcionando. Os moradores da região mostram orgulho em habitá-la e em se identificarem como uma comunidade.

 

Já em São Paulo, a equipe da TV Brasil visitou um conjunto habitacional projetado por Ruy Ohtake em Heliópolis, uma das maiores favelas do Estado. Um dos diferenciais do projeto são a forma, redonda, daí o apelido de “redondinhos” que ganharam da comunidade.

 

Além da distinção estética, na hora de idealizar o espaço, o arquiteto priorizou a convivência entre os moradores, elaborando espaços de área comum em locais que normalmente são destinados a estacionamentos. “O chão é das crianças. Não é o carro que manda aqui, é a criança que manda. O carro estaciona fora. ”, afirmou Ohtake em entrevista para a reportagem.

Os jardins verticais no Minhocão só melhoram a saúde e abaixam os níveis de poluição no centro de São Paulo – Divulgação/TV Brasil

Ainda em São Paulo, o grupo de paisagismo Movimento 90° está desde 2015 trazendo verde para uma das zonas mais cinzentas da cidade: o elevado João Goulart, mais conhecido como “Minhocão”, na região central da cidade. A partir da criação de jardins verticais nas empenas cegas de sete prédios da região, o grupo criou o que chama de “o primeiro corredor verde do mundo”.

 

A região do “Minhocão” foi escolhida pois apresenta problemas ambientais urgentes, como barulho, poluição, calor. Os jardins melhoram não só a qualidade do ambiente na rua, mas também nos prédios que os abrigam. Moradores afirmam que nos prédios em que foram construídos os jardins verticais, a temperatura caiu em até 10°C.

 

Em Brasília, cidade planejada, a emissora investigou a expansão urbana para cidades satélites e áreas periféricas.  A reportagem acompanhou alguns trabalhos da Companhia de Desenvolvimento Habitacional do Distrito Federal (CODHAB/DF), como a melhora e revitalização de casas e a urbanização de bairros periféricos.

 

O Presidente da CODHAB/DF, arquiteto e urbanista Gilson Paranhos, afirmou que desde o começo, o objetivo de Lucio Costa era que Brasília abrigasse diferentes segmentos e classes sociais na mesma região. O arquiteto não considera o projeto de Lucio Costa falho, mas mal aplicado, uma vez que o Plano Piloto foi projetado para abrigar 500 mil pessoas e hoje abriga 280 mil, menos de 9% da população da cidade, hoje a terceira metrópole do país com aproximadamente 3 milhões de habitantes.

 

Como a atividade a CODHAB/DF, o projeto Escolas Bioclimáticas, coordenado pelo professor de Arquitetura da Universidade de Brasília (UnB) Caio Silva, busca melhorar a qualidade de vida dos moradores das áreas periféricas. “O mote do projeto é trazer um pouco da tecnologia que a gente desenvolve lá na Faculdade de Arquitetura e tentar incrementar de conforto às escolas públicas. ”, afirma o professor.

Mulheres aprendem técnicas de construção na periferia de Belo Horizonte – Divulgação/TV Brasil

 

Em Belo Horizonte, o projeto “Arquitetura na Periferia” ensina técnicas de construção e de manutenção para mulheres que moram em ocupações. Segundo Carina Guedes, coordenadora de arquitetura da Prefeitura de Belo Horizonte, as mulheres são o público-alvo do projeto pois elas são as principais responsáveis pelo trabalho doméstico, mas pouco participam da construção da casa. O projeto é mantido por meio de financiamento coletivo e as participantes recebem um auxílio-econômico para que possam reproduzir o que foi aprendido.

 

Essas iniciativas são respaldadas pela Lei de Assistência Técnica (ATHIS, 11.888/2008), que garante assistência gratuita na elaboração de projetos, construção e melhoria de habitações de cunho social, como afirmou o Presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU/BR), Luciano Guimarães, à reportagem. Ao celebrar os 10 anos dessa legislação, o objetivo é intensificar ainda mais sua atividade, como garante o presidente da CODHAB/DF, ao afirmar que “temos que criar o SUS da Arquitetura, com o arquiteto, o engenheiro, o assistente social, que estejam junto das famílias, para entender a necessidade delas, e produzir arquitetura e urbanismo. ”

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