CIDADES

Desastre ambiental em Minas: manifestações do IAB, FNA e ABAP

IAB: “rompimento é crime decorrente da irresponsabilidade dos setores público e privado com a segurança ambiental e do trabalho”

 

“O Instituto de Arquitetos do Brasil – IAB, no dia em que completa 98 anos de fundação e cumprindo uma das suas finalidades estatutárias – contribuir e zelar efetivamente na defesa do meio ambiente – expressa sua solidariedade às vítimas do rompimento da barragem de Brumadinho, em Minas Gerais.

 

O rompimento de mais uma grande barragem de mineração no país, 3 anos depois de Mariana, não é um desastre. É crime decorrente da irresponsabilidade com que, de modo geral, setores público e privado tratam a questão de segurança ambiental e do trabalho, negligenciadas e vistas equivocadamente como entrave ao desenvolvimento econômico. Os resultados são a morte humana e os danos irreversíveis ao nosso patrimônio ambiental e construído.

 

É regra básica da economia a escassez dos recursos. Talvez essa premissa nunca tenha se apresentado como tão verdadeira. Urge reconhecermos que vivemos em um planeta de recursos finitos, onde conflitos entre a ocupação humana e o ambiente são cada vez mais cotidianos e geram mais e maiores impactos. Neste quadro, a premissa do crescimento infinito se torna obsoleta: não há mais espaço ou recursos para isso e é necessário assumirmos novos paradigmas de desenvolvimento, baseados na racionalização da produção, na redução do desperdício e na conservação do existente.

 

A questão ambiental deve estar no centro das decisões de empresas e órgãos públicos. Ela gera empregos, renda e desenvolvimento científico, social e econômico. Para tanto, o fortalecimento institucional na área de gestão ambiental é imprescindível. Ampliar sua capacidade de licenciamento, fiscalização e inovação é dever público e privado. O que temos visto é justamente o contrário, em todas as esferas de Governo, com o desmonte de instituições que já operavam aquém da demanda.

 

Exigimos do Poder Judiciário que atue pelo fim da impunidade de crimes ambientais em nosso país. A punição dos responsáveis e a reparação de danos ambientais, econômico e sociais devem ser céleres e exemplares.

 

Proporemos, com o devido tempo, uma Nota Técnica com propostas de soluções objetivas, contando com a abertura ao diálogo por parte das autoridades públicas e do setor privado.

 

26 de janeiro de 2019″

 

Cenário da tragédia. Foto: Corpo de Bombeiros de Minas Gerais.

 

FNA: nota de repúdio cobra o cumprimento dos protocolos de segurança em barragens

 

“Diante da tragédia em barragem na cidade de Brumadinho, em Minas Gerais, a Federação Nacional de Arquitetos e Urbanistas (FNA) vem a público cobrar que os protocolos de segurança sejam cumpridos pelas empresas que têm qualquer tipo de projetos com riscos e impactos ambientais no país.

 

A Federação, representante da categoria dos arquitetos e urbanistas, alerta para o fato de que esses acidentes colocam não só em risco o patrimônio histórico, cultural e ambiental, como a vida das pessoas que residem nas regiões.

 

A FNA critica ainda o comportamento ganancioso das empresas que não dão a devida atenção à segurança em favor do lucro. Em função da tragédia, moradores da Vila Ferteco precisaram sair da região. O Instituto Inhotim, que é um dos mais importantes acervos de arte e da arquitetura contemporâneas do Brasil, foi fechado às pressas. A data da reabertura ainda não foi anunciada.

 

A FNA recorda que esse não foi o primeiro episódio envolvendo a referida empresa em rompimentos de barragens em Minas Gerais. Há três anos, houve outro acidente similar na cidade de Mariana.

 

25 de janeiro de 2019

 

Diretoria Executiva da FNA”

 

Nota oficial da ABAP sobre a tragédia ocorrida na barragem de Brumadinho-MG

 

“Não sem pesar a Associação Brasileira de Arquitetos Paisagistas se une às vozes nos pais que lamentam a tragédia ocorrida agora na barragem da Mina do Córrego do Feijão que se rompeu na sexta feira dia 25 de Janeiro de 2019.

 

Em Janeiro de 2016 a Associação, por iniciativa da direção e Associados da ABAP Rio havia escrito a Carta de Mariana, disponível no site da ABAP, lamentando a tragédia ocorrida no Rio Doce que comprometia seus ecossistemas e abastecimento de água potável, que destruía suas atividades econômicas como a pesca e o turismo e, deixando um rastro de 700 km de lama que se estendia até o Espírito Santo, destruía em especial, sua Paisagem, patrimônio material e imaterial.

 

Uma vez mais a ABAP, entidade nacional que reúne Arquitetos Paisagistas, reivindica que as ações de contenção e reparação dos danos socioambientais sejam divulgados, que haja presteza nas ações de resgate e mitigação, e transparência no processo de apuração das informações, em especial, que os responsáveis recebam o tratamento legal condizente que, no entanto, não dissipará o drama que se apresenta.

 

A partir desse quadro desolador, uma grande questão se coloca: é a da necessidade de planejamento e projeto; da capacitação profissional rigorosa e comprometida que nos põe a pensar acerca da necessidade urgente de se rever essa agenda que desmonta escolas e ensino, que aparta professores e alunos do convívio, da construção do conhecimento como questão fundamental de uma Nação.

 

O círculo vicioso que descola formação, atribuição profissional, responsabilidade técnica, respeito pelo conhecimento e rigor na concepção e construção, esse sim, precisa ser rompido. Não podemos nos acostumar às tragédias, naturalizar a barbárie como algo que esperamos ocorra de tempos em tempos. Que essa cicatriz de lama na paisagem não deixe nossa memória, que ela nos inspire à mudança”.

 

ANPARQ: Nota de solidariedade à população atingida pela tragédia em Brumadinho (MG)

 

“A Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo (ANPARQ), reafirmando o seu compromisso pela preservação do patrimônio físico, ambiental e cultural, vem manifestar a sua solidariedade à população de Brumadinho, Região Metropolitana de Belo Horizonte, especialmente às centenas de famílias atingidas pelo rompimento da barragem de retenção de resíduos de mineração da empresa Vale, Mina do Feijão, ocorrida na região em 25-10-2019, cujas consequências são gravíssimas.

 

Em tragédias como esta, que se repete em tão pouco tempo após o acidente de Mariana, na mesma região, no mesmo local, com a mesma empresa, com a mesma operação extrativa, vários outros aspectos se evidenciam além das perdas irreparáveis de vidas humanas. Ressalta-se a amplitude de novos riscos similares, diante dos números divulgados pelos setores competentes, que registram a existência de cerca de 24 mil barragens no Brasil, 42% irregulares, sendo 790 contendo rejeitos de mineração, dezenas dessas em situação de risco.

 

Questionamos o custo social, material e ambiental que esse modelo de desenvolvimento econômico nos promete. Que tecnologias e normativas estabelecidas são essas, que em poucas décadas acumulam imensas riquezas corporativas privatizadas, provocando um mar de lama residual que destrói edificações, plantações, criações, florestas, rios, pondo em risco milhares de brasileiros e a riqueza ambiental dos territórios atingidos?

 

Mais do que a urgente revisão de protocolos de segurança na prevenção dessas tragédias anunciadas, as manifestações dos diversos segmentos de interesse público e da sociedade em geral têm que se unir pela conquista de tecnologias sustentáveis de produção, em prol de outras formas de desenvolvimento a serem alcançadas.  Contribuindo para isso, urge repararmos a baixa prioridade que vem sendo dada aos investimentos educacional e científico no nosso país. Desde já nos associamos aos movimentos por esses incentivos, para os quais a formação e pesquisa inerentes à área de Arquitetura e Urbanismo representam campos fundamentais de atuação.

 

Brumadinho e Mariana, nunca mais!

 

ANPARQ

 

27 de janeiro de 2019″

6 respostas

  1. No dia em que construirmos obras para pessoas e não obras para o mundo só admirar, poderíamos amar em 1º plano, evitar, prever, substituir e julgar!!!!!!!!!!!!!!!!!!

  2. Considerando o fato já ter ocorrido, de risco, deveriam os nossos conselhos terem atuados junto as empresas e profissionais das mesmas para solucionar estas questões!

  3. Desastre ambiental, não! Crime ambiental! É bom colocar as coisas como de fato são e não amenizar com panos quentes o que deveria ser muito mais rígido.

  4. Ao invés de criticar, precisamos entender também o lado tanto do estado quanto das empresas mineradoras! Quando da instalação das minerações na região, as regiões eram simples ermos serranos, de difícil acesso e improdutivas. Caberia às administrações regionais delimitar as áreas que são consideradas de risco, impedindo seu povoamento, com a vinda dos familiares dos funcionários e dos serviços ligados a esses povoamentos! Os próprios trabalhadores deveriam saber quais são essas regiões de risco, exatamente por trabalharem nesse setor!
    Faz lembrar que, muitos compram terrenos e constroem suas casas ao longo de ferrovias e rodovias e, depois, ficam cobrando das autoridades a retirada dessas ferrovias e rodovias, pelo excesso de barulho ou pelo risco na travessia das rodovias, sempre coadjuvados pela mídia ignara!
    O foco principal deverá ser a pesquisa e a busca de soluções técnicas, capazes de resolver definitivamente todo e qualquer problema que possa ocorrer em um empreendimento desses como também em outras áreas.
    Não adianta esbravejar aos quatro ventos sem apresentar SOLUÇÕES, vociferar como meros políticos sem nenhuma formação, não é condizente com nenhuma categoria técnica! É apenas cerrar fileiras com a mediocridade!

  5. De fato a responsabilidade master é das empresas e do poder público.
    Mas como profissionais, temos nossa parte de responsabilidade nisso tudo.
    Precisamos cobrar vigilância e fiscalização. Temos que cobrar que profissionais habilitados sejam contratados e ouvidos, não somente para barragens para um sem número de obras temerárias que temos pelo brasil (pontes, viadutos, estradas).
    Não podemos fica quietinhos e somente berrar na hora da devassa.
    “Pelo fim dos profissionais de tragédias prontas!!!”

  6. O NOME E O SOBRENOME DOS RESPONSÁVEIS POR ESSA TRAGEDIA TEM QUE SER DIVULGADOS PUBLICAMENTE. É MUITO FACIL CREDITARMOS A CULPA DE QUALQUER TRAGEDIA A FICTICIOS GOVERNANTES, SEM LEVARMOS EM CONSIDERAÇÃO O NOME DE CADA UM DELES EM SEPARADO: GOVERNANTES, EMPRESÁRIOS, RESPONSÁVEIS TECNICOS QUE ASSINAM AS ART’S OU RRT”S EM TROCA SEI LÁ DE QUE.
    OS GOVERNOS RECEM EMPOSSADOS PROVAVELMENTE NÃO TÊM QUALQUER RESPONSABILIDADE PELOS MANDOS E DESMANDOS EXISTENTES NOS ORGÃOS MUNICIPAIS, ESTADUAIS E FEDERAIS RESPONSÁVEIS PELA FISCALIZAÇÃO E CONTROLES DOS PROTOCOLOS DE SEGURANGA DE CADA UMA DAS MINERADORAS EXISTENTES NA REGIÃO, NAS GESTÕES PASSADAS.
    PERGUNTO: 1. QUEM SÃO OS RESPONSÁVEIS PELA LIBERAÇÃO E LICENÇA DE FUNCIONAMENTOS DESSAS MINERADOS NO CASO ESPECIFICO DE BARRAGENS PARA CONTENÇÃO DE REJEITOS?
    2. CADE AS SECRETARIAS ESTADUAIS E MUNICIPAIS DE MEIO AMBIENTE?
    3. CADE O IBAMA?
    4. CADE O MINISTÉRIO E O MINISTRO DO MEIO AMBIENTE? SUMIRAM? PERDERAM A VOZ?

    TODAS AS MINHAS PERGUNTAS SÃO DIRIGIDAS AOS GOVERNANTES QUE ESTIVERAM NO PODER ATE O DIA 31/12/2019. ESTES SÃO DE FATO OS VERDADEIROS RESPONSAVEIS PELA MORTE DE DEZENAS DE PESSOAS QUE TRABALHAVAM E PRODUZIAM PARA O PAIS, BEM AO CONTRARIO DESSES PARASITAS QUE NADA PRODUZIAM E SE LOCUPLETAVAM DE NOSSO DINHEIRO, MORDOMIAS E TUDO MAIS QUE JÁ SABEMOS A RODO.
    QUE O MINISTERIO PUBLICO ESTADUAL DE MINAS GERAIS, MINISTERIO PUBLICO FEDERAL BUSQUEM ESSES IRRESPONSÁVEIS E RESPONSABILIZE-OS, PRENDA-OS E MANDE-OS FAZER COMPANHIA A TODOS CORRUPTOS JÁ IDENTIFICADOS E ESTÃO PRESOS.
    QUE TODOS PAGUEM O QUE CADA UM DEVE CONFORME SUA RESPONSABILIDADE.
    PRECISAMOS CONSTRUIR MAIS PRESIDIOS EM TODO PAÍS; AINDA TEM MUITO BANDIDO DE COLARINHO BRANCO SOLTO E SORRIDENTE A DEBOCHAR ABERTA E SINICAMENTE DA POPULAÇÃO BRASILEIRA.
    NÓS PROFISSIONAIS DE ENGENHARIA E ARQUITETURA SOMOS OBRIGADOS MORALMENTE DE EXIGIR SEVERAS PUNIÇÕES A CADA UM DESSES VERDADEIROS SUGADORES DE SANGUE DA POPULAÇÃO.
    EXISTINDO UM PROFISSIONAL DE ENGENHARIA OU ARQUITETURA NO MEIO DESSES IRRESPONSÁVEIS, DEVERÁ TAMBÉM SER MEDIDO COM A MESMA RÉGUA E PUNIDO DE FORMA EXEMPLAR.
    NÃO CONSIGO ADMITIR QUE POSSAMOS ASSISTIR TUDO ISSO DE CAMAROTE.

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