Na visão do CAU/BR, um planejamento urbano transformador e uma governança urbana comprometida com o futuro são os dois paradigmas essenciais para o Projeto de Cidade que queremos. O conceito consta da Carta-Compromisso do CAU/BR sobre a Nova Agenda Urbana definida pela ONU na Habitat III (3a. Conferência das Nações Unidas sobre Habitação e Desenvolvimento Sustentável) realizada em Quito, no Equador, em meados de 2016.
O papel do planejamento urbano inovador “é interpretar e revelar necessidades e vontades das comunidades, inclusive capacitando-as na identificação dos problemas e na seleção das prioridades, materializando-as em diagnósticos, planos e projetos transformadores do lugar, de forma integrada com a cidade e o contexto regional em que está inserida”.
A implementação de um planejamento urbano inovador, contudo, depende de uma governança urbana comprometida com uma visão de futuro. Apenas com o monitoramento cidadão intensivo e sistemático de ambos os paradigmas o objetivo comum será alcançado. “O Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil estimula e se engajará nesse monitoramento. É o nosso compromisso perante a Nova Agenda Urbana”, diz a Carta-Compromisso.
Segundo Haroldo Pinheiro, presidente do CAU/BR, entre os compromissos devem ser listados:
Em 1950, apenas 35% da população brasileira vivia em cidades. Em 2016, o índice chega a 85%. As projeções indicam a desaceleração do ritmo de urbanização nos grandes centros, o que não deve ser motivo para inércia, diz o documento. É preciso cuidar das novas fronteiras em criação, especialmente impulsionadas pelo agronegócio, além de abrandar os sérios paradoxos que marcaram essa rápida transição de um país de dimensões continentais que era majoritariamente rural e se tornou um dos mais urbanizados do mundo.
Metade da população brasileira mora em metrópoles ou grandes cidades. Por outro lado, mais da metade do território é ocupado por médias e pequenas cidades. São dois universos desiguais, diz o documento, que impõem desafios e ações distintas.
As maiores aglomerações constituem um grupo de apenas 25 assentamentos humanos e são responsáveis pela geração de mais de 60% do produto interno bruto brasileiro. O Brasil possui hoje 70 regiões metropolitanas criadas pela União ou pelos Estados, sendo que as 12 mais importantes abrigam 34% da população brasileira.
Na outra ponta, os município menores caracterizam-se por estruturas administrativas e orçamentos frágeis, a ponto de, em 2013, os municípios com menos de 100 mil habitantes terem recebido transferências da União ou dos estados da ordem de 87% de suas despesas totais. Uma das consequências desse cenário é a impossibilidade de disporem de quadros capacitados para elaborar os documentos técnicos que viabilizariam a captação de verbas orçamentárias e financiamentos, inclusive de organismos internacionais, promovendo um ciclo vicioso de falta de recursos.
Acesse a íntegra do documento: